Enquanto os governos federal e estadual debatem sobre quem ficará responsável pela freeway até a nova concessionária assumir a rodovia em fevereiro de 2019, o desgaste no asfalto se acentua ao longo dos 96 quilômetros entre Porto Alegre e Osório.
A superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse que, passados 23 dias desde o rompimento do contrato com a Concepa, nenhum tipo de serviço foi realizado, mas garante que, em no máximo um mês, a manutenção deve ser iniciada.
Isso porque, nesta quinta-feira (26) foi aberta a licitação para a contratação da empresa que fará serviços emergenciais, como recuperação do asfalto, roçada e recolhimento de lixo. O contrato será válido até a Empresa Gaúcha de Rodovias (EGR) ou a nova concessionária assumir o trecho. Enquanto isso, não haverá cobrança de pedágio nem atendimento médico ou de guincho exclusivos.
Na quarta-feira, a reportagem percorreu a principal via que liga Capital e Litoral Norte e por onde circulam, em média, 110 mil veículos diariamente. O que se viu foi uma estrada que precisa da realização de serviços básicos de limpeza e manutenção, já que há restos de pneus e cones amassados nos acostamentos e no canteiro central, lixo acumulado, rachaduras e ao menos 288 buracos.
Além disso, um carro capotado naquele dia e outro na noite anterior atraiam olhares curiosos para o canteiro central, aumentando o risco de outros acidentes. A quantidade de imperfeições no asfalto intrigou o Dnit, tanto que o superintendente regional no Rio Grande do Sul, Allan Magalhães Machado, solicitou levantamento técnico para identificar possíveis problemas estruturais.
– A abertura de buracos está muito rápida. Um pavimento de qualidade não se deteriora com tanta facilidade em tão pouco tempo – avalia Machado.
EGR segue analisando a viabilidade do contrato
Engenheiro civil e professor da PUC, Rafael Roco de Araújo comenta que a chuva acelera a degradação, ainda mais em vias com intenso fluxo de veículo de carga. Mauri Panitz, engenheiro aposentado do Ministério dos Transportes e mestre em Transporte e Trânsito pela UFRGS, acrescenta que a situação tende a piorar rápido.
— A freeway estava na UTI recebendo medicação diária. Agora, retiraram os aparelhos. A progressão dos buracos no segundo mês sem manutenção vai ser muito maior do que no primeiro. Pequenos buracos vão virar panelas. A vibração da suspensão e a trepidação dos veículos abrirão mais e mais buracos – explica.
A Concepa administrou a rodovia por 21 anos, até 3 de julho, e alega que “todo o trabalho desempenhado pela concessionária foi fiscalizado pela Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT)” e que “mantinha cronogramas rotineiros de trabalhos de conservação”.
O Ministério dos Transportes prevê que em 8 de fevereiro de 2019 a concessionária vencedora do leilão assumirá a administração de 473,5 quilômetros de rodovias no Estado, incluindo a freeway. Até lá, a intenção da pasta é repassar a responsabilidade à EGR, que analisa aspectos econômico-financeiros e técnico-operacionais para certificar-se de que é viável assinar o contrato.
Já se sabe que as tarifas devem ficar entre R$ 2 e R$ 4, conforme determinação do Tribunal de Contas da União, que foram aceitas pela ANTT. Concluída a fase de análises, o parecer será encaminhado ao governador José Ivo Sartori, que deverá, então, dizer ao governo federal se a proposta será aceita.