Parado no acostamento com o pisca-alerta ligado, Luiz Carlos Rocha, 59 anos, rabiscava o caderno de anotações quando a reportagem de GaúchaZH se aproximou para entrevistá-lo. Sua lentidão em abrir o vidro do carro para conversar com o repórter, em pé ao lado da porta, foi explicada já nas primeiras palavras:
— Fiquei assustado quando te vi vindo. Está mais perigoso aqui. Antes, quando a gente parava no acostamento, logo encostava um carro da Concepa para oferecer ajuda — conta o comerciante que trafega entre a Porto Alegre e Gravataí quatro vezes ao dia.
— Eu prefiro pagar pedágio e me sentir seguro. Além do mais, olha quantos buracos estão surgindo. A Concepa sempre consertou rápido a rodovia. Fazia manutenção — complementa.
Mais à frente, a cena se repetiu, mas, desta vez, o capô erguido de um Fiat branco denunciava que algo não estava indo muito bem.
— O carro começou a falhar, falhar e desligou — contou o eletricista Leandro Farias Barbosa, de 32 anos, ainda procurando explicações para a pane antes de chamar um guincho. Dois anos antes, a equipe de socorro da Concepa o ajudou a solucionar o problema na correia dentada de graça.
Conforme a concessionária, no período de 1º de julho de 2017 a 30 de junho de 2018, em 90% dos atendimentos médicos feitos em acidentes, as equipes da concessionária chegaram em até 12 minutos. Em 70% das ocorrências que demandavam auxílio mecânico, as equipes chegaram em até 11 minutos.
Rodovia abandonada
Enquanto os governos federal e estadual debatem sobre quem ficará responsável pela freeway até a nova concessionária assumir a rodovia em fevereiro de 2019, o desgaste no asfalto se acentua ao longo dos 96 quilômetros entre Porto Alegre e Osório.
A superintendência regional do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) disse que, passados 23 dias desde o rompimento do contrato com a Concepa, nenhum tipo de serviço foi realizado, mas garante que, em no máximo um mês, a manutenção deve ser iniciada.