A Associação dos Transportadores Urbanos (ATU), que reúne as seis empresas de ônibus de Santa Maria, irá defender a extinção da atividade de cobrador. A medida, conforme um dos diretores da ATU, Edmilson Gabardo, traria “uma redução significativa” no preço da tarifa do transporte coletivo.
Segundo Gabardo, o estudo realizado pelas empresas aponta que o fim dessa função significaria uma diminuição de 10% no valor da passagem de ônibus. Se a medida fosse colocada em prática, a tarifa – que, atualmente, é de R$ 3,90 – passaria para R$ 3,50.
As empresas têm cerca de 400 cobradores. Para Gabardo, o usuário “já paga muita gratuidade” e ele reforça que a função de cobrador é “obsoleta” e não se justifica mais.
— A questão toda é que as gratuidades aumentam ano a ano e o número de passageiros pagantes só cai. E digo seguramente que o fim dessa função (de cobrador) traria uma economia ao usuário do transporte coletivo — defende.
Neste primeiro momento, a situação está sendo tratada entre a classe patronal e os empregados. Se houvesse entendimento, explica Gabardo, seria possível realizar um cronograma de desligamento e ainda remanejar alguns dos cobradores para funções operacionais e administrativas.
Porém, a proposta é inegociável, segundo o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Rogério Santos da Costa. Para ele, não procede a informação de uma possível economia. Outro receio, apontado pelo sindicalista, é “o tamanho do impacto social” com uma eventual medida:
— Isso é algo que nos preocupa. É bom que se diga que há um prejuízo social absurdo e incalculável nessa medida (de extinguir o cargo de cobrador). Mas não vamos aceitar isso de maneira alguma. Sem dizer que não acredito que a caneta do prefeito (Jorge Pozzobom, PSDB) vá referendar um absurdo desses — explicou Costa.
Já o secretário de Mobilidade Urbana, João Ricardo Vargas, avalia que essa situação já havia sido cogitada pelas empresas. Ele avalia que, dada a dimensão de uma medida dessa, a proposta precisará ser colocada em apreciação dentro do Conselho Municipal de Transportes (CMT). Ainda que a proposta não tenha sido formalizada, Vargas reconhece que um eventual corte “preocupa”.
Desde o mês passado, técnicos da Mobilidade Urbana iniciaram o levantamento dos insumos que compõem a planilha do transporte coletivo. Ainda no mês passado, a ATU protocolou pedido de revisão tarifária. A solicitação, segundo documento apresentado, leva em conta a data-base do dissídio das categorias dos motoristas e cobradores.
O secretário ainda adiantou à reportagem que o processo licitatório para o transporte coletivo de Santa Maria ocorrerá até o fim deste ano. Uma vez que a concessão vigente se encerra em janeiro de 2021.
Tratativas
As seis empresas de ônibus empregam, juntas, cerca de 1,1 mil funcionários. O salário dos motoristas é de R$ 3 mil, e o dos cobradores é de R$ 2 mil. A ATU e o Sindicato dos Rodoviários já tiveram, desde o mês passado, duas reuniões. O sindicato solicitou 5% de ganho real nos salários, o que é “inviável”, adiantou Gabardo.
Atualmente, a frota de ônibus das seis empresas reúne 220 veículos - entre os que estão em operação mais os reservas.