Agentes envolvidos no resgate de vítimas da tragédia em Brumadinho (MG) iniciaram a evacuação da área próxima aos rejeitos por volta do meio-dia deste sábado (26). Segundo as equipes, há risco de uma terceira barreira, localizada na mesma região, ruir. O rompimento de barragens da Vale, na última sexta-feira (25), deixou pelo menos 11 mortos e há 299 desaparecidos.
A medida interrompeu, pelo menos por enquanto e em parte (já que muitos se negam a deixar o local), o trabalho de gente que tenta encontrar sobreviventes, recuperar bens materiais e até salvar bois atolados no rejeito da barragem do Córrego Feijão.
Desde as 7h deste sábado (26), o servidor público Lúcio Antônio Henrique dos Santos, 49 anos, mantinha os olhos atentos ao mar de lodo. Estava à procura da amiga e colega de trabalho Sirlei de Brito. Na sexta-feira, data da tragédia, ela decidiu almoçar em casa. Teve a residência arrastada pelo barro e desapareceu.
— Vou ficar aqui hoje, amanhã e 30 dias, se for preciso, até encontrá-la — disse Santos.
Perto dali, o engenheiro aposentado Bráulio Alcici, 77 anos, lamentava os prejuízos. Dono de cem hectares de terras na região, ele perdeu 800 bananeiras, um açude, um curral com 20 vacas e 17 bezerros, além de seis cachorros. A casa, por pouco, não foi levada junto.
— Estávamos viajando. Meu filho ainda conseguiu salvar dois cachorros — contou Alcici.
Enquanto isso, no meio do barral, cheio de árvores e raízes retorcidas, um grupo de jovens com cordas e tábuas tentava resgatar um boi mergulhado no lodo.
Outros voluntários também ajudavam no trabalho de socorristas, entre eles o ambulante Rone da Fonseca Torres, 41 anos, de Contagem (MG). Ele já havia auxiliado na tragédia de Mariana, há três anos. Com a ajuda de um amigo, entrou em uma casa atingida em busca de sinais de vida. A casa já havia sido evacuada. Em cima da mesa, ainda estavam os restos do almoço dos proprietários, que tiveram de deixar o local às pressas.
— Vamos continuar procurando. Vai que encontramos alguém que precise de ajuda? — disse Torres.