O município de Alegrete, na Fronteira Oeste, começou a contabilizar os prejuízos com a enchente que atinge a cidade. Chove forte na região da Fronteira Oeste desde a última terça-feira (8), provocando a cheia do rio Ibirapuitã, que está 13,7 metros acima do nível normal neste sábado (12). As unidades de saúde da cidade estão com as estruturas comprometidas, com equipamentos como raio-x, tomógrafo e máquinas de eletrocardiograma submersas. Há redução de cerca de 40% da capacidade de atendimento e prejuízo milionário, segundo o prefeito Márcio Amaral.
— Só na estrutura da saúde, o prejuízo alcança R$ 3 milhões. O valor pode subir quando tentarmos ligar os equipamentos, que não sabemos se funcionam — relata.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e quatro postos de saúde estão embaixo d'água, e os pacientes foram transferidos para o Hospital Santa Casa. O apelo do município é que só busque o hospital quem estiver precisando de atendimento de urgência. Também foi anunciada a suspensão do transporte público neste domingo (13) pela dificuldade de circulação pelas ruas, além da interdição da ponte Borges de Medeiros, a principal ligação da zona leste ao resto da cidade.
Na agricultura, há prejuízo na bacia leiteira, com estimativa de mais de R$ 100 mil em leite jogado fora pela incapacidade de escoar a produção. A perda nas colheitas de arroz e soja podem passar dos R$ 40 milhões, diz o prefeito:
— O arroz está embaixo d'água e 20% está comprometido. Com o tempo nublado, podemos perder ainda mais. Na soja, o impacto é de cerca de R$ 8 milhões, mais
R$ 32 milhões na colheita do arroz.
Alguns bairros de Alegrete já enfrentam falta de água. O motivo é o desligamento de uma bomba da Companhia Riograndense de Saneamento (Corsan) que abastece a cidade, em razão da subida do Rio Ibirapuitã. Segundo o prefeito, a zona leste do município é a mais afetada. As demais regiões contam com poços artesianos.
— Como o rio já começou a baixar, imaginamos que esse problema de falta de água será só entre hoje e amanhã. A expectativa é de que a situação não se agrave.
Caso não seja possível retomar o abastecimento até amanhã, a prefeitura cogita acionar caminhões-pipa para atender os moradores que estão sem água.
Escolas que seriam usadas como abrigo também estão alagadas
Um levantamento da Defesa Civil aponta que há 2.448 pessoas fora de casa na cidade: são 1.627 desalojados e 821 desabrigados. O número pode dobrar se forem somadas as pessoas atingidas que optaram por não sair de casa, segundo o Sargento Adão Rodrigues de Rodrigues, adjunto da Coordenadoria da Defesa Civil na Fronteira Oeste:
- Cinco mil estão nas suas casas ainda, e não saem por medo que furtem seus pertences.
Algumas escolas, que dariam abrigo para os moradores, também estão alagadas, e por isso a Defesa Civil enviou barracas para Alegrete. Com ajuda do Exército, 25 estruturas foram armadas.
A cidade tem racionamento de água e cerca de 3 mil pessoas estão sem luz há pelo menos quatro dias, principalmente no interior do município. As equipes da RGE não conseguem chegar às localidades para trocar postes derrubados pelo vento.
O Efipam, tradicional torneio de futebol infantil realizado todos os anos na cidade, que começaria em 19 de janeiro, teve o início adiado para o dia 23, pois o estádio Farroupilha, o único de Alegrete, está inundado.
Na infraestrutura, a estimativa da prefeitura é de que os prejuízos ultrapassem os R$ 20 milhões com estradas, ruas e pavimentos destruídos pela água.
O governador Eduardo Leite solicitou o trabalho conjunto da Defesa Civil estadual com os municípios, na tentativa de agilizar o processo de detalhamento dos prejuízos.
- Pedi para a Defesa Civil agilizar o processo para termos logo o reconhecimento da situação de emergência. Quanto mais rápido fizermos isso, vai nos permitir dar agilidade na liberação dos recursos.