A ventania que assustou os gaúchos durante a madrugada, provocando estragos e falta de energia elétrica pelo Estado, passou dos 100km/h em algumas cidades. De acordo com dados do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), as rajadas chegaram a 108km/h em Canguçu e a 102km/h em Mostardas. Jaguarão registrou ventos de 95km/h, e Chuí, de 92km/h.
Na Capital, onde a velocidade alcançou 70 km/h na região do Aeroporto Internacional Salgado Filho, houve destelhamentos e queda de galhos e árvores. Na Rua Angelo Passuelo, bairro Vila Nova, na Zona Sul, um telhado de zinco com uma armação de ferro, que servia de cobertura para uma quadra de futebol, soltou-se e voou para cima da casa ao lado, de propriedade de Leonir Fortes, 62 anos. Nem uma goleira resistiu às violentas lufadas – arrancada do chão, também aterrissou no telhado da servidora pública federal.
Leonir mal teve tempo de comemorar a conclusão, na última sexta-feira (21), de uma reforma que durou um ano em sua residência. Telhas, forro e piso foram trocados, construiu-se mais um banheiro, e todas as peças ganharam nova pintura. O estrondo ouvido nesta madrugada deu à servidora a impressão de que uma porta de vidro recém-instalada havia estourado. No escuro, a moradora percebeu que se tratava da estrutura do vizinho, que aluga o imóvel e vive fora do Rio Grande do Sul, segundo Leonir. Trata-se da segunda vez que a cobertura é erguida durante um temporal e despenca no pátio da servidora.
Acionada, a Defesa Civil apareceu rápido. Verificou-se que a estrutura da casa não sofreu danos, o que permitiu que Leonir permanecesse ali. A retirada do telhado que se desprendeu deverá ser iniciada ao longo do dia.
Leonir, incrédula, chorava muito na manhã deste domingo, com dificuldade para compreender as perguntas da reportagem. A casa estava molhada, com goteiras e infiltrações nas paredes. Pedaços de plástico cobriam móveis e eletrodomésticos.
– Estou muito nervosa. Tenho que agradecer a Deus por não ter acontecido nada comigo – disse ela.