Imagens aéreas registradas nesta quarta-feira (13) na Fazenda Baseggio, no município de Coxilha, reforçam a hipótese de que tornados em série tenham atingido o norte do Rio Grande do Sul na última tempestade.
Localizada às margens da RS-434, a propriedade foi o epicentro da destruição. De acordo com o meteorologista Celso Oliveira, da Somar Meteorologia, uma das principais evidências está nos troncos de árvores quebrados ao meio. Trata-se de uma característica típica de um evento climático como um tornado.
— Além disso, algumas estruturas da fazenda aparecem retorcidas ou completamente destruídas ao lado de outras totalmente intactas, indicando um rastro por onde passou o fenômeno — afirma Oliveira.
Para o especialista, os registros afastam a possibilidade de que uma microexplosão tenha afetado a área. Isso porque o fenômeno opera como se um copo de água fosse virado no chão, provocando estragos em forma de clareira e arrancando árvores pela raiz.
— Acreditamos na hipótese de família de tornados (ou tornados em série) porque registramos vários eventos, aproximadamente seis, com características semelhantes às das fotos espalhados pelo Estado. As imagens mostram o efeito da passagem de apenas um deles, provavelmente o mais intenso — acrescenta o meteorologista.
Os estragos atingiram praticamente somente as áreas rurais das cidades. Segundo Oliveira, tornados são mais comuns em campos abertos porque terrenos planos e menos rugosos facilitam a formação do evento. Em localidades onde há grande número de construções, a superfície irregular dificulta o desenvolvimento do fenômeno.
Integrantes do programa de pós-graduação em Meteorologia da Universidade de Santa Maria (UFSM) também analisaram imagens aéreas do local, enviadas por GaúchaZH. O meteorologista Vagner Anabor, um dos professores do grupo, afirmou que existem "fortes indícios" de que um tornado atingiu a região.
Segundo ele, o espalhamento dos destroços indica "giro no vento", uma das características desse tipo de fenômeno:
— Em eventos associados a tornado, observamos torções em estruturas metálicas e espalhamento de destroços de forma radial em direções variadas. Essas imagens mostram algumas dessas características.
Conforme o entendimento do professor, a hipótese de microexplosão perde força nesse caso, pois esse tipo de fenômeno costuma direcionar os estragos para apenas uma direção. Anabor destaca que somente com análise no local do evento é possível confirmar, com exatidão, a passagem do tornado pela região. Uma equipe do programa de pós-graduação em Meteorologia da universidade se deslocará até a área para fazer uma análise mais detalhada do cenário.