O governo do Rio Grande do Sul e as Forças Armadas prometem intensificar ações para desmobilizar pontos de concentração em rodovias no Estado em meio à greve dos caminhoneiros, que entrou no nono dia nesta terça-feira (29). Uma das principais ofensivas será a tentativa de garantir a circulação de motoristas que estão presos em mobilizações, criando "corredores de segurança".
— A partir de hoje (terça-feira), vamos atuar em grandes corredores de segurança aqui no Estado. Nas grandes rodovias estaduais e federais, a partir de hoje, o caminhoneiro que quiser sair da paralisação vai ter a segurança para se deslocar, porque o Exército, a Marinha, a Força Aérea, a Polícia Rodoviária Federal, a Brigada Militar e as polícias Civil e Federal estarão presentes para proporcionar a segurança dele — disse o general Geraldo Antônio Miotto em entrevista coletiva no final da tarde.
Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade, durante a manhã, o general Carlos José Penteado, chefe do Centro de Coordenação de Operações do Comando Militar do Sul, afirmou que esses corredores para facilitar o tráfego das cargas serão montados em rodovias como a BR-116 – norte e sul – e BR-386.
Segundo Penteado, as forças de segurança vão delimitar um perímetro para garantir a fluidez dos veículos de carga, que serão escoltados por viaturas. Nesse eixo, guarnições estarão presentes em pontos estratégicos para garantir o trânsito e a segurança dos comboios.
De acordo com o general, a medida ocorre porque a força-tarefa não tem condições de garantir a cobertura total da via.
— Faremos o que nós chamamos de comboio aberto com escolta. Então, todo caminhoneiro que quiser ser comboiado vai entrar nessa escolta e vai seguir até o seu destino.
"Limite do caos"
Na coletiva desta terça-feira, o general Miotto afirmou que chegou um momento em que "tem de se dar um basta", pois serviços fundamentais à população estão sofrendo os impactos da paralisação:
— Chegou o momento que estamos no limite do caos. E quem está sofrendo mais com isso é o pequeno produtor lá do Interior, que está perdendo suas aves e não está conseguindo escoar sua produção, e são as pessoas mais carentes do entorno das grandes cidades, que não têm condições de estocar gás e alimentos — complementou.
Em tom de apelo, o governador José Ivo Sartori pediu aos manifestantes que encerrem a manifestação, possibilitado que os serviços voltem à normalidade.
— Chegou a hora de nós nos unirmos e de restabelecer a normalidade dos serviços. Sem a normalidade, a sociedade vai estar profundamente prejudicada. (...) A sociedade não pode ser penalizada por uma carga tributária considerada injusta no país. Por isso, sempre defendi a revisão do pacto federativo nacional.
Sartori reconheceu que existe um contingenciamento das forças de segurança para garantir os trabalhos da força-tarefa contra os impactos da mobilização, mas que os órgãos estão trabalhando para a “volta da normalidade”:
— Isso é um contingenciamento normal. E nós precisamos fazer a nossa parte para que volte à normalidade. Isso é uma maneira, é uma forma de trabalhar. E temos de trabalhar dentro das condições. A Brigada, a Polícia Civil, a Susepe, o IGP, todos vão trabalhar dentro da normalidade como se estivessem trabalhando em outro dia ou nas suas tarefas essenciais, mas agora voltadas especificamente (contra os reflexos da greve) para ver se construímos uma normalidade.
O coordenador da Defesa Civil, coronel Alexandre Martins de Lima, afirmou que 218 postos já receberam combustíveis desde domingo (27) no Estado. Desse montante, 73 são em Porto Alegre.
No entanto, isso não quer dizer que todos esses estabelecimentos ainda estão oferecendo o produto, pois alguns receberam estoques mínimos que foram esgotados com a alta procura. Levantamento de GaúchaZH, que entrou em contato com 102 estabelecimentos filiados ao Sulpetro na Capital, aponta que, até as 19h15min desta terça-feira, pelo menos 31 tinham o combustível.