Um dia após iniciar greve, a Federação Única dos Petroleiros (FUP) orientou os sindicatos filiados, nesta quinta-feira (31), a suspenderem a paralisação que deveria durar quatro dias. Em nota, a entidade acusou a Justiça de "criminalizar" o movimento sindical, ao considerar a greve ilegal e determinar a aplicação de multa em caso de descumprimento.
De início, o Tribunal Superior do Trabalho (TST) determinou penalidade de R$ 500 mil por dia, mas o valor seria depois elevado a R$ 2 milhões por dia. "A decisão do TST é claramente para criminalizar e inviabilizar os movimentos sociais e sindicais. Diante disso, a FUP orienta os sindicatos a suspenderem a greve", diz um trecho da nota, publicada no site da FUP.
"O TST joga o jogo do capital e não deixaria barato a greve dos petroleiros. As multas diárias de R$ 500 mil saltaram para R$ 2 milhões, acrescidas da criminalização do movimento", diz o texto.
Os sindicatos reunidos na FUP decidiram por fazer uma greve na semana anterior à da segunda-feira, dia 21, quando começaram os protestos de caminhoneiros país afora.
Na decisão inicial, a entidade sindical não determinou uma data para o início da paralisação. Com o crescimento do movimento dos caminhoneiros nas estradas, a FUP se reuniu no sábado passado e decidiu convocar uma paralisação de advertência por 72 horas.
Na terça-feira, véspera do início da greve, o TST considerou a paralisação ilegal pela sua "natureza política e ideológica". Na quarta-feira, foi aumentada de R$ 500 mil para R$ 2 milhões a multa diária cobrada de 18 entidades sindicais. A greve também foi apoiada pela Federação Nacional dos Petroleiros (FNP).
A principal reivindicação da categoria era mudança na política de preços da Petrobras, alegando que a atual leva a aumentos do gás de cozinha e dos derivados. Os petroleiros também pediam pela demissão do presidente da estatal, Pedro Parente, e pela suspensão do programa de venda de ativos por parte da petroleira. Não há demandas de caráter trabalhista, como aumento de salários ou redução de jornadas.
Ao longo da quarta-feira, até a noite, os petroleiros desafiaram a decisão do TST. Das 52 plataformas mantidas pela Petrobras, 25 aderiram à greve, e, das 15 refinarias, em 10 houve mobilizações, incluindo a Refinaria Alberto Pasqualini (Refap), em Canoas.
Durante todo o dia, trocas de turnos foram atrasadas e equipes de contingência assumiram as atividades dos grevistas, garantindo a continuidade das operações. O abastecimento de derivados de petróleo não chegou a ser comprometido.
A FUP classificou a decisão de suspender a greve de "recuo momentâneo e necessário para a construção da greve por tempo indeterminado". "Essa grave violação dos direitos sindicais será amplamente denunciada", diz a nota.