As mudanças nos preços de combustíveis da Petrobras viraram rotina desde o ano passado. Nesta terça-feira (22), a estatal anunciou trégua nos aumentos dos valores cobrados das distribuidoras. Conforme o comunicado, a estatal reduzirá nas refinarias, a partir de quarta-feira (23), os preços da gasolina em 2,08% e do diesel em 1,54%. A baixa foi comunicada um dia após a companhia confirmar elevação.
Em vigor desde julho de 2017, a política de preços da Petrobras tenta alinhar os valores àqueles cobrados no mercado internacional. Para isso, leva em consideração a variação no barril de petróleo, calculado em dólares.
A estratégia divide opiniões de analistas. No mercado financeiro, brotam elogios. Para agentes do setor, sua adoção fez com que a estatal recuperasse credibilidade junto a investidores depois do surgimento da Operação Lava-Jato.
Nesta terça-feira, as especulações sobre eventual mudança na política fizeram as ações ordinárias da companhia (com direito a voto em assembleias) caírem 2,47% na bolsa de valores de São Paulo. Os papéis preferenciais (sem direito a voto) recuaram 1,36%.
— É uma estratégia bastante positiva para a empresa. A Petrobras está resgatando a credibilidade junto ao investidor. Está no caminho certo — elogia Roberto Indech, analista-chefe da Rico Investimentos.
O economista Fernando Ferrari Filho avalia que, pelo fato de o petróleo ser uma commodity internacional, é "mais do que natural" que os preços acompanhem as variações no mercado externo. No entanto, segundo o especialista, os constantes reajustes aumentam os obstáculos ao setor produtivo no momento em que a economia brasileira patina na tentativa de retomada.
— Os reajustes afetam toda a cadeia produtiva, que precisa repassar esses custos ao consumidor. Se os preços continuarem subindo, poderá haver um repique na inflação, que hoje está baixa — menciona o economista.