Uma briga entre um casal pode ter causado o incêndio que provocou o desabamento de um prédio de mais de 20 andares no Largo do Paisandu, no centro de São Paulo, na madrugada desta terça-feira (1º). O jornal O Globo conversou com um jovem que viu o momento em que um homem e sua mulher discutiam no quinto andar, local onde tiveram início as chamas segundo o Corpo de Bombeiros.
Embora fosse proibido, eles estariam utilizando álcool para cozinhar. Conforme o relato de Gabriel Archangelo, 21 anos, o marido colocava mais líquido na fogueira quando a mulher o empurrou e a roupa de ambos pegou fogo. Eles teriam arrancado tudo do corpo e descido nus com os filhos pela escadaria.
Gabriel disse que avisou sua mãe para levar seus 11 irmãos para baixo e correu até o 10º andar berrando "fogo, fogo!". As chamas, que começaram por volta de 1h30min, levaram à queda do edifício pouco mais de uma hora depois. No entanto, nem todo mundo conseguiu sair.
O número de desaparecidos ainda é incerto. Entre eles está um homem que estava sendo resgatado pelos bombeiros, já com equipamento de segurança, quando o prédio veio abaixo.
O edifício era uma antiga instalação da Polícia Federal e atualmente abrigava uma ocupação irregular. A prefeitura de São Paulo informou que 150 famílias estavam cadastradas junto à Secretaria da Habitação. Pelo menos 25% eram de estrangeiros.
Os moradores disseram ao jornal O Globo que pagavam aluguel para dois “coordenadores” do Movimento de Luta Social por Moradia (MLSM) e que ambos sumiram assim que o fogo começou. As regras no prédio eram rígidas: a água só era liberada de madrugada e os portões eram trancados às 19h.
As vítimas disseram, ainda, que há dois meses, funcionários da prefeitura estiveram no prédio fazendo o cadastro das famílias, com a promessa de realocá-las, e que foi realizada uma vistoria no local.
Na manhã desta terça, o prefeito Bruno Covas (PSDB), o governador Márcio França (PSB) e o presidente Michel Temer (PMDB) estiveram no local. Todos prometeram ajuda às vítimas. Temer foi embora rapidamente, hostilizado pela população.