No campo, os prejuízos pela falta de chuva começam a aparecer. Conforme a Emater, a Metade Sul finalizou janeiro com déficit hídrico acentuado em algumas áreas. Há cidades sem chuva expressiva desde novembro. Em Bagé, por exemplo, foram 115 milímetros nos últimos três meses, quantidade 200 milímetros inferior ao normal para a época do ano. A projeção é de que a área com chuva abaixo da média irá se alastrar para parte do centro e oeste do Estado. O gerente regional da Emater de Bagé, Eloir Pozzer, diz que a estiagem se concentra no município e seu entorno, como Candiota, Hulha Negra, Aceguá e Dom Pedrito. Nessas localidades, a escassez de chuva causa prejuízo estimado até o momento de 30% na soja.
— Quem plantou soja entre novembro e 15 de dezembro viu a dificuldade de germinação da lavoura. Já os que plantaram depois de 15 de dezembro estão na expectativa. Depende do clima para que a germinação seja boa. E o problema é que não há previsão de chuva significativa para os próximos dias — explica Pozzer.
Há casos de lavouras que precisaram ser replantadas dada a pouca qualidade da germinação em razão da baixa umidade do solo. Nos plantios onde as sementes conseguiram germinar, o desenvolvimento vegetativo é lento e de pouco vigor. Produtores têm recorrido a aplicação de fertilizantes foliares para estimular o crescimento das plantas, acelerar o fechamento das entrelinhas, diminuir a exposição do solo e consequentemente, reduzir a perda de umidade.
Os prejuízos também afetam a pecuária de leite e de corte, embora sem estimativas até o momento. O volume de chuva abaixo da média também prejudicou a produção de mel. Segundo a Emater, a perda já chega a 40%.
— Bagé é um dos maiores produtores de mel do Estado, mas como não chove, não há flor. Sem néctar, sem mel —sublinha Pozzer.
Na Campanha e Fronteira Oeste, as pastagens de verão estão com pouco desenvolvimento. Os campos nativos também diminuíram o desenvolvimento, em função da falta de umidade dos solos. Apenas em Hulha Negra, os prejuízos chegam a R$ 8 milhões, estima o prefeito Carlos Renato Machado. A soja é a mais afetada, mas caiu, também, a produção de leite e de milho no município de 6 mil habitantes e que adota racionamento de água desde novembro.