O evento climático La Niña ainda não está didaticamente configurado. O que se tem é o resfriamento das águas do Oceano Pacífico, que dura quase quatro meses. Os efeitos desse resfriamento foram notados durante a primavera, com intensos temporais e queda de granizo, alguns episódios de temperaturas baixas e, a partir de novembro, redução das precipitações. Essa diminuição pode estar ligada também à dinâmica da chuva do final da primavera e verão, onde se observa grande irregularidade espacial e temporal, o que é normal para esta época do ano. O déficit de precipitação tem sido mais expressivo nas regiões da Fronteira Oeste, Campanha e Sul – locais em que climatologicamente chove menos.
Outro fator que explica a irregularidade da chuva é o Oceano Atlântico, que está com suas águas com temperaturas dentro do normal. Em janeiro de 2016, por exemplo, as águas estavam com temperaturas acima do normal, o que favoreceu a chuva no Estado, principalmente na metade leste, devido ao aumento da evaporação e umidade na região.
O mês de dezembro foi caracterizado por chuvas abaixo da média no sul e dentro da média mais ao norte do Estado. A chuva da Metade Sul ocorreu em bons volumes somente após o dia 20. A tendência para janeiro e fevereiro deve continuar sendo de chuva irregular, principalmente na Região Sul, ou seja, as precipitações ocorrerão e poderão ser até intensas, porém intercaladas por períodos longos sem chuva – exigindo maior atenção para as culturas de sequeiro. O norte e nordeste do Estado são as regiões em que a chuva deve continuar ocorrendo de forma mais homogênea e frequente.
Como o resfriamento do Pacífico deve continuar pelo menos até fevereiro, os produtores de arroz precisam ficar atentos aos episódios de baixas temperaturas, pois poderá haver entrada de massas de ar frio mais cedo que poderão baixar os termômetros, trazendo prejuízos.
Para saber
A La Niña é caracterizada pelo resfriamento anormal das águas do oceano Pacífico Equatorial. Para que o evento se configure é necessário que uma região específica (Niño 3.4) atinja -0,5°C (ou menos) por no mínimo cinco trimestres consecutivos. Até o momento tem-se dois trimestres com anomalias de -0,7°C e -0,9°C, respectivamente.