A planta de polietilenos (PE6) do Polo Petroquímico de Triunfo segue paralisada nesta terça-feira (5) devido a um incêndio ocorrido no local, no início da noite de segunda-feira (4). Conforme a Braskem, equipes técnicas estão avaliando o incidente para que a empresa possa tomar providências necessárias à retomada das atividades.
Não há previsão para que a operação seja normalizada. Os funcionários, no entanto, estão todos trabalhando, conforme a Braskem.
Conforme a assessoria de comunicação da empresa, por volta das 18h50min de segunda-feira, um dos processos desenvolvidos dentro da planta "ocasionou um grande deslocamento de ar" seguido de "uma combustão de gás dentro da casamata, estrutura física de concreto projetada para minimizar o impacto externo de ocorrências no seu interior". Tudo "funcionou de acordo com o projeto", garantiu a empresa.
Presidente do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Petroquímica de Triunfo (Sindipolo), Gerson Borba desconfia das informações oficiais. Funcionário do polo há 33 anos, diz que se surpreendeu com a dimensão do incidente.
— Não é a primeira vez que isso acontece. Ocorreu recentemente algo bem parecido em outra unidade vizinha. Mas a proporção desse evento foi muito forte, muito além do que está projetado — avalia.
Segundo Borba, os danos se alastraram para além da PE6, provocando estragos em janelas e paredes de unidades próximas e até longe dela.
— Chama a atenção a sorte que os trabalhadores tiveram. Se tivesse sido num horário normal, com quantidade maior de trabalhadores no local, certamente teríamos tido vítimas — afirma Borba, acrescentando que a unidade onde houve a explosão fica no trajeto que os funcionários fazem para ir embora.
Para a tarde desta terça, está prevista uma reunião junto com o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias da Construção, Mobiliário de Triunfo (Sindiconstrupolo) para avaliar os procedimentos a serem tomados (não rolou ainda a reunião?). Em princípio, o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Superintendência Regional do Trabalho e Emprego (STE-RS) devem ser acionados para investigar o caso. As entidades estão preocupadas com a segurança dos funcionários.
— A gente já vem alertando sobre isso. Desde que a Braskem assumiu, vem reduzindo efetivo, trabalhando no limite de produção e operando de acordo com o que mercado exige, com isso, estão adiando paralisações para manutenções previstas. Além disso, as equipes de segurança estão reduzidas. Outros casos já ocorreram nos últimos anos, até com evacuação do polo. Estamos preocupados com o que pode acontecer — afirmou Borba.
A Braskem afirma que obedece a "protocolos internacionais" e que "estas ocorrências são avaliadas por equipes técnicas e ferramentas de confiabilidade para que todas as ações necessárias sejam tomadas , visando à correção da falha e o retorno com segurança da unidade".
Com relação a possíveis danos ao meio ambiente, devido à combustão, empresa e sindicato discordam. Para o presidente do Sindipolo, uma ocorrência como essa não sai impune, e gases são liberados, podendo prejudicar os arredores. Já a Braskem disse "não ocorreram danos ao meio ambiente. O gás deste processo é o eteno, similar ao gás de cozinha".
Estrutura danificada "cumpriu o seu papel", diz diretor
O diretor de Relações Institucionais da Braskem, João Ruy Freire, disse que episódios como o que aconteceu no polo na segunda-feira são muito raros, o que dificulta a comparação de impacto em relação a outros incidentes. O diretor salientou que o caso chama a atenção, pois foi o segundo em um pequeno espaço de tempo — o outro caso ocorreu em outra planta do complexo no meio deste ano, segundo o executivo.
Freire destacou que é difícil pontuar o número de incidentes parecidos nos últimos anos, pois são poucas ocorrências nos 35 anos de operação do polo. O diretor disse que a casamata danificada é projetada como um mecanismo de segurança construído para evitar danos maiores:
— É um procedimento previsto dentro do processo petroquímico. Tanto é que ele (reator) é construído dentro de uma casamata, um prédio vazado, uma estrutura muito forte, paredes de um metro de espessura, altura de 10 metros para poder dar segurança para as pessoas. E cumpriu o seu papel — disse o executivo da Braskem, destacando que essa estrutura é construída para direcionar as chamas para cima por razões de segurança.
Freire afirmou que é difícil apontar quando serão retomados os trabalhos na planta atingida pelo incidente. Antes de começar os serviços de restauração da operação, é necessário investigar o que causou o incidente, conforme explicou o executivo:
— O efeito externo é predial. O efeito interno à casamata nós ainda estamos trabalhando para poder começar a avaliar. Precisamos, a partir de procedimentos internacionais de metalurgia e de mecânica, de muita investigação, definir a causa básica do episódio de despressurização.
De acordo com Freire, apenas após esse trâmite será possível desenvolver os trabalhos de reparação na unidade.
Com relação a possíveis danos ao meio ambiente, devido à combustão, empresa e sindicato discordam. Para o presidente do Sindipolo, uma ocorrência como essa não sai impune, e gases são liberados, podendo prejudicar os arredores. Já a Braskem disse que "não ocorreram danos ao meio ambiente. O gás deste processo é o eteno, similar ao gás de cozinha".