Uma reunião sobre a terceirização do Postão 24 Horas de Caxias do Sul está marcada para as 18h desta sexta-feira (17) entre o Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) e o prefeito Daniel Guerra. Conforme a presidente do Sindiserv, Silvana Pirolli, os servidores querem que a prefeitura desista do edital para terceirizar o Postão. Ela afirma que o efetivo necessário para o programa de fortalecimento da saúde básica pode ser obtido por meio de concurso público. Já a secretária da saúde Deysi Piovesan afirma que terceirizar é a forma mais rápida para fortalecer a saúde básica em Caxias. A prefeitura pretende realocar os servidores públicos do Postão para as Unidades Básicas de Saúde (UBSs).
Silvana critica também a terceirização pela tendência a uma maior rotatividade de funcionários no Postão. Ela aponta ainda que haveria uma perda de controle sobre o Pronto Atendimento (PA) 24h. Outro item é a especialização que os funcionários do Postão, que atendem em urgência e emergência, acumulam ao longo do tempo e que seria desperdiçada com o deslocamento desses servidores para os postos de saúde.
Silvana Pirolli afirma que os servidores querem um diálogo franco com a prefeitura sobre o tema, com os servidores e o Conselho Municipal de Saúde sendo ouvidos. Conforme ela, antes do anúncio de que o Postão seria terceirizado, feito pela prefeitura no final da semana passada, os servidores haviam indagado à secretária da saúde, Deysi Piovesan, sobre uma possível terceirização, mas ela não havia afirmado a intenção.
Alguns dias antes da confirmação, a reportagem do GaúchaZH também havia perguntado à assessoria de imprensa da secretaria, se havia a possibilidade de terceirização, e a resposta foi não.
Nesta sexta-feira (17), a reportagem conversou com a secretária sobre essa situação e voltou a questionar por que ela não revelou a possibilidade de o Postão ser terceirizado, mesmo sendo questionada sobre o tema. Ela afirmou que essa foi a forma estratégica que o governo entendeu que deveria tratar do assunto. Deysi afirma que a medida estava em preparação e que a prefeitura buscava um alternativa rápida para colocar em prática o programa de fortalecimento da rede básica de saúde.
A secretária observa que há muitos anos o fortalecimento da rede básica é discutido, mas não há ações práticas sobre isso. Conforme Deysi, a prefeitura tem o tempo de uma gestão para implantar uma mudança na cultura relativa à saúde pública, e a terceirização é uma forma mais rápida de atender à necessidade do programa de fortalecimento que será implantado, com unidades de saúde de referência em regiões da cidade.
A secretária concorda que há profissionais com bastante experiência no Postão 24 horas que deixarão os cargos. Mas ela afirma também que, assim como parte do conhecimento do servidor deixa de ser empregado, ele também leva uma parte para a sua nova função. Deysi afirma que a rotatividade também ocorre no serviço público, e que muitos funcionários que hoje estão no Postão 24 horas são oriundos da rede básica de saúde e levaram consigo conhecimentos para atuar no PA.
A secretária afirma que a intenção é que a UBS também atenda a demanda espontânea e não apenas um atendimento que está programado. Com o novo modelo, ela defende que haverá mais comodidade para os moradores, que não precisarão se deslocar até o centro da cidade para buscar atendimento. A secretária afirma que 70% a 80% dos atendimentos no Postão são demandas de pouca urgência, classificadas na ordem de prioridade com as cores verde ou azul. Um dos objetivos, conforme Deysi, é terminar com a fila que se forma nos postos de saúde.
Sobre a questão do controle sobre o Postão, apontada pelo Sindiserv, Deysi afirma que ela independe de qual é o vínculo, seja por meio de servidores do município, seja ligado à organização social. Ela defende que as metas sejam traçadas de forma pactuada, e argumenta que há uma gama de serviços na área da saúde do município que não são prestadas por servidores de carreira.