Depois de ver cassada a liminar que impedia o abate de animais do Pampas Safari, a deputada estadual Regina Becker protestou contra a decisão do desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa. Na decisão, ele argumentou a necessidade de preservação da "saúde pública".
Regina Becker acredita que a medida tenha sido tomada por falta de conhecimento. Ela ainda critica a postura da família proprietária do local. Leia a entrevista:
Como a senhora vê essa decisão da Justiça?
Foi uma tristeza receber essa notícia justamente na data em que é celebrado o Dia Mundial dos Animais. Esse dia deveria ser motivo para inspiração e alegria, mas a decisão do desembargador Armínio veio para nos motivar a continuar nessa luta. Tenho certeza que talvez ele não tenha conhecimento de todas as informações que circundam a questão.
Que medidas serão tomadas daqui para frente?
Vou usar todos os recursos que a Justiça possibilita. Estamos fazendo um agravo interno apresentando dados e ponderações para que sejam analisados a fim de viabilizar a reversão da situação. Os exames feitos no (Instituto de Pesquisas Veterinárias) Desidério Finamor comprovaram que os animais sacrificados não tinham tuberculose. Há também um estudo complexo feito na UFRGS que comprova que a tuberculose dos animais não é transmissível aos homens. Exames feitos pelo empreendedor, que começaram em outubro do ano passado e terminaram em fevereiro, também mostraram que nenhum animal tinha a doença.
A senhora chegou a conversar com a família proprietária do Pampas?
Sim. Uma pessoa da família esteve no meu gabinete no começo de setembro e disse que na semana seguinte iriam me receber para conversar. Eles estariam dispostos a encontrar uma solução. Mas eu me sinto ludibriada, pois foi um tempo que eles tiveram para ajuizar o recurso e não cumpriram o que foi prometido. A palavra tem peso e, hoje, vejo que não é possível qualquer tipo de credibilidade a essa família. A Anelise Febernati, uma das filhas, é advogada e subscreve o recurso. Vieram me procurar para não criar atrito, pois os protetores estavam no local fazendo vigília.
Quando trouxeram o portão para mais perto da rodovia vi que tinha algum tipo de atitude para impedir a movimentação e aglomeração. Os argumentos que eles apresentam na sentença é a posição de querer resolver o caso de uma forma rápida e que evite qualquer tipo de prolongamento, discussão e mobilização da sociedade.
Ao longo desse período, quais foram as soluções apresentadas para evitar o sacrifício dos animais?
Um empresário de Minas Gerais entrou em contato comigo, pois ele tem um santuário no interior do Estado com veterinários, biólogos e equipe técnica completa. Ele tem recursos e está disposto a receber todos os animais. A única dificuldade até agora são os três hipopótamos, em função da dificuldade do transporte.
Há alguma manifestação prevista para protestar contra a cassação da liminar?
Faremos uma grande manifestação no sábado. O Rio Grande do Sul nunca verá algo parecido com o que acontecerá. Queremos ter certeza sobre as coisas: estão ou não com tuberculose? Que tipo de alternativa vamos apresentar para os que não estão doentes? Podemos levar para Minas Gerais? Não é possível que a gente continue preso a regras sanitárias que são absurdas e incoerentes. São normativas antigas e ultrapassadas que não consideram os avanços da ciência. O homem é a única espécie que se considera um deus e desconsidera a vida das outras milhares de espécies.
A reportagem tentou contato com a família proprietária do Pampas Safari, que se limitou a dizer que "a decisão do desembargador Armínio reflete a posição da empresa Pampas Safari".