Foi cassada no final da tarde desta quarta-feira (4) a liminar que impedia o abate de cerca de 400 cervos no Pampas Safari, em Gravataí, por suspeita de contaminação por tuberculose bovina. Pelo menos 74 animais de diferentes espécies foram identificados com a chaga entre 2003 e 2017 no parque, que entrou em processo de decadência e está atualmente fechado para visitação. A decisão é do desembargador Armínio José Abreu Lima da Rosa. O argumento foi de preservação da "saúde pública".
Antes de a Justiça de primeira instância determinar a paralisação dos sacrifícios, 20 animais haviam sido enviados a um frigorífico e, posteriormente, abatidos. Testes de laboratório indicaram que esses exemplares não portavam a doença, mas os laudos foram declarados inconclusivos. Agora, com a derrubada da liminar, o abate poderá voltar a ser adotado, dependendo da emissão da Guia de Trânsito Animal (GTA) pela Secretaria Estadual da Agricultura para o traslado dos espécimes entre o parque e frigoríficos. A família Febernati, proprietária do Pampas, apresentou às autoridades um plano de encerramento das atividades que prevê o sacrifício dos cervos como alternativa.
A deputada estadual Regina Becker (Rede), que conseguiu a primeira liminar que paralisou os abates, confirmou a reversão do caso. Ela disse ter recebido a notícia com "espanto" e declarou que isso irá deflagrar "a maior mobilização da história do Rio Grande do Sul" para a defesa dos animais. Regina afirmou que irá recorrer, no primeiro momento, ao próprio desembargador Armínio, que também solicitou parecer do Ministério Público.
— Recebo a notícia com muita tristeza, logo hoje (4), o Dia Mundial dos Animais. Condenar animais à morte no dia que deveria celebrar a vida, não dá para receber de outra forma. As regras sanitárias não devem ser aplicadas em animais que não são levados ao consumo humano. Os cervos são exóticos. E as regras sanitárias têm de ser revistas, estão ultrapassadas e não contemplam o avanço da tecnologia. Existem tratamentos, não podemos simplesmente condenar animais por conta de suspeitas — diz Regina.
O caso se transformou em uma das polêmicas do ano. Protetores de animais fizeram protestos e vigílias em frente ao Pampas. A gestão do parque iniciou dias atrás a construção de um novo muro e portaria, o que deixará as pessoas mais distantes do atual pórtico. Em contato com a reportagem, a família Febernati disse que "a decisão do desembargador Armínio reflete a posição da empresa Pampas Safari".