O aguaceiro que atinge o Rio Grande do Sul com mais intensidade desde a última terça-feira (10) deixa a Defesa Civil em alerta para o avanço das águas sobre a área urbana dos municípios gaúchos.
Como a chuvarada dos últimos dias atingiu o Estado sem a incidência de vento forte, a atenção das autoridades está voltada para a elevação dos rios, enchentes e estragos causados pela eventual queda de granizo, que devem ser intensificados com a expectativa de mais chuva para esta sexta-feira (13). O Centro Integrado de Comando (CEIC) divulgou, durante a tarde desta quinta, alerta de pancadas de chuvas mais fortes, raios e "ocasional granizo" na Capital para as "próximas horas".
Em entrevista ao programa Faixa Especial, da Rádio Gaúcha, o Subchefe da Defesa Civil do RS, tenente-coronel Jarbas Ávila, informou que o órgão trabalha em regime de alerta para a possibilidade de inundação nos próximos dias:
— Estamos em uma fase de preparação e prevenção para uma possível inundação. O alerta é alto, principalmente, para os municípios de Candelária, Teutônia e São Sebastião do Caí. Existe boa possibilidade desses rios saírem de seus leitos e passarem pelas residências — alertou o tenente-coronel.
Até as 22h desta quinta-feira (12), o nível do Rio Caí em São Sebastião do Caí estava em 10,16 metros, segundo o coordenador da Defesa Civil no município, Pedro Griebler.
Com 10 metros, o rio já entra em estado de inundação. Conforme Griebler, 14 famílias foram retiradas de suas casas na cidade para evitar remoções em meio a alagamentos.
— A retirada dessas famílias nos garante uma margem de segurança, pois o rio poderá subir até 12 metros sem pegar pessoas desavisadas dentro de suas casas. Nossa expectativa é de que o rio chegue aos 11 metros até o meio-dia (desta sexta-feira) — explicou Griebler.
Ouça entrevista com o coordenador da Defesa Civil em São Sebastião do Caí:
A bacia do Rio Taquari registra estado de atenção em Muçum, Encantado, Estrela, Taquari, Lajeado e Cruzeiro do Sul.
A situação é mais complicada em Estrela, onde o rio atingiu 15,7 metros – o nível de alerta no município é de 15 metros e o de inundação 17 metros, segundo a Defesa Civil estadual.
Até as 20h desta quinta-feira, ponte que liga os municípios de Bento Gonçalves e Cotiporã seguia submersa. O local está bloqueado para a passagem de qualquer tipo de veículo.
A principal alternativa é o desvio por Veranópolis, via BR-470. Em seguida, é preciso ingressar na RS-359 pelo Arco Sul do município, até chegar a Cotiporã. Com isso, o tempo de deslocamento até a cidade leva uma hora e meia. Pela ponte, o trajeto seria de 30 minutos.
Granizo causa estragos no Noroeste e na Missões
Conforme o último balanço da Defesa Civil, divulgado no fim da tarde desta quinta-feira (12), os estragos mais fortes, até o momento, estão concentrados em Porto Xavier, no Noroeste, onde 400 imóveis foram danificados pelo granizo.
Santo Ângelo, nas Missões, registrou pelo menos 160 residências afetadas pela queda de pedras de gelo.
Em Santo Antônio da Patrulha, no Litoral Norte, uma casa construída em um barranco desabou com a força da chuva, na manhã desta quinta-feira (12).
Três pessoas estavam dentro da residência no momento do incidente. Ninguém ficou ferido. O local foi isolado pela Defesa Civil por motivos de segurança.
Em Porto Alegre, os transtornos dos últimos dias se repetiram ao longo de toda esta quinta.
Ruas e avenidas alagadas, principalmente, na zona norte, dificultaram o trânsito de veículos, que era menor em razão do feriado de Nossa Senhora de Aparecida.
A persistência da chuva na Capital prejudicou parte da ciclovia da Avenida Ipiranga, entre a Rua Múcio Teixeira e a Avenida Getúlio Vargas. O surgimento de buraco acima do talude do Arroio Dilúvio, danificou a pista, obrigando a interdição do trecho da pista.
Até o início da noite desta quinta-feira, choveu 127 mm na cidade, segundo a Somar Meteorologia – a média histórica de chuva no mês de outubro em Porto Alegre é de 114,3 mm.