Maria Aparecida têm 54 anos e já trabalhou com carteira assinada, mas há 10 anos optou por ser autônoma. Nicole Biondo tem 29 anos, é assistente administrativa, mas luta também pelo futuro dos estudantes. Eduardo Marques tem 42 anos, é servidor do Ministério Público Federal e reviveu a lembrança dos protestos de 1992, quando militou contra o então presidente Collor de Mello. Eles e outros milhares de manifestantes, entre homens, mulheres, crianças e idosos, se uniram na passeata que durou cerca duas horas e meia e encerrou os atos da "Greve Geral" em Florianópolis.
Nas contas do Sintrasem, sindicato que representa os servidores municipais, a indignação pelas reformas Trabalhista e Previdenciária do governo de Michel Temer (PMDB) e o desejo de enfrentar a situação levaram ao menos 20 mil pessoas às ruas. A Polícia Militar estimou que o público foi de 5 mil.
– De lá para cá, praticamente nada mudou na política brasileira. Infelizmente as práticas são as mesmas, os grupos que dominam e que estão no poder são os mesmos. Acho muito bacana ver essa nova geração, garotada com 20 e poucos anos, voltar para a rua e lutar pelos seus direitos – defendeu Marques.
O protesto que percorreu a Avenida Paulo Fontes em direção à Beira-Mar Norte e depois toda a extensão da Mauro Ramos não teve nenhuma ocorrência foi registrada, garantiram os sindicalistas. No entanto, talvez motivada já pelo cansaço dos manifestantes – muitos deles estavam nas ruas desde a madrugada –, a calmaria no fim do ato destoava das cenas vistas pela manhã.
As principais rodovias, como a SC-401 e a BR-101, acabaram bloqueadas por pneus incendiados. Em alguns pontos, motoristas saíram dos carros para confrontar os manifestantes. Nas ruas do Centro, o cenário ora lembrava as manhã de domingo, com lojas fechadas, ora assustava, com cenas de violência entre os manifestantes.
– Quando uma passeata que você planejava ter mil pessoas termina com mais de 20 mil é porque transbordou o sentimento de indignação da população. A adesão à greve geral foi gigante, e não só aqui, no Brasil todo. E outra, a adesão ao ato público foi espontânea. Os sindicatos organizaram, chamaram as pessoas para participar, mas a maioria não era do sindicato, eram jovens e trabalhadores de diversas regiões da cidade, que vieram para o centro se expressar e isso, sem ônibus – avaliou o presidente do Sintrasem, Alex Santos, no fim do ato, por volta das 18h45min desta sexta-feira.
Saúde, educação e transporte aderiram ao movimento
Desde as primeiras horas, além das Unidades de Pronto Atendimento (UPA) da Capital, que tiveram os serviços reduzidos, atendendo apenas casos de emergência, as escolas da rede pública, o transporte coletivo municipal e os bancários também aderiram ao movimento grevista. Os colégios estaduais, segundo a Secretaria de Estado da Educação, tiveram aula normal na maioria das unidades. Das 1.080 escolas, cerca de 230 tiveram algum tipo de paralisação, sendo que a maioria foi por conta da ausência dos ônibus.
Leia também:
Confira como foram as paralisações desta sexta-feira em Santa Catarina