A sede do PMDB em Alagoas foi alvo da Operação Catilinárias, da Polícia Federal, nesta terça-feira. O presidente da sigla no Estado é o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL).
Também foi alvo da operação o ex-vice-governador de Alagoas José Wanderley Neto - primeiro tesoureiro do partido no Estado. A ação também faz buscas em residências do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), ministros e parlamentares, entre eles o deputado Fernando Bezerra Coelho (PSB-PE).
A Operação Catilinárias evoca a série de discursos do cônsul Marco Túlio Cícero contra o nobre conspirador Lúcio Sérgio Catilina, que planejava derrubar o governo romano em 63 antes de Cristo. As "catilinárias" são consideradas obras primas da retórica.
Investigado na Operação Lava-Jato, Cunha é o principal articulador do processo de impeachment da presidente. Na Câmara, manobra sucessivamente para evitar o andamento de seu processo de cassação, em curso no Conselho de Ética. É criticado por usar o cargo para evitar a perda do mandato e de trair a confiança dos pares.
"Até quando, Catilina, abusarás da nossa paciência? Por quanto tempo a tua loucura há de zombar de nós? A que extremos se há de precipitar a tua desenfreada audácia?", diz um dos trechos mais conhecidos das catilinárias.
Nos discursos, Catilina é descrito como um homem desmascarado, mas que resiste em sua campanha anarquista e supostamente contrária ao interesse público.
No Conselho de Ética, Cunha é acusado de mentir aos pares ao dizer aos pares que não mantinha contas na Suíça. As investigações da Procuradoria-Geral da República (PGR) mostram que parte do dinheiro mantido no Exterior teria sido desviado de um contrato da Petrobras.
A operação Catilinárias cumpre ao todo 53 mandados de busca e apreensão - na Câmara dos Deputados, sede do PMDB em Alagoas, na residência dos investigados, endereços funcionais, sedes de empresas, escritórios de advocacia e órgãos públicos - expedidos pelo STF, referentes a sete processos instaurados a partir de investigações da Lava-Jato. Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF Teori Zavascki.