Há tempos me envergonho de morar na República Federativa da Incompetência, cuja bandeira verde e amarela deveria estampar a frase "Empurrando com a barriga". Parece que não basta vivermos num país mergulhado num mar de corrupção que reúne todos os partidos políticos. É preciso que nos sintamos palhaços.
O mais recente exemplo é o adiamento do prazo para o pagamento do eSocial por parte dos empregadores de trabalhadores domésticos. Em 24 horas, o governo mudou radicalmente o discurso. Na terça, chamou coletiva garantindo que se encerraria no dia 6 o limite para que se cumprisse a lei. Na quarta-feira, a data foi prorrogada.
Por quê? Listo uma combinação de três situações.
1) A incompetência federal em manter o site no ar.
2) A despreocupação já institucionalizada em cumprir prazos.
3) A falta de compromisso do cidadão, que deixa para a última hora, talvez apostando num tempo maior para cumprir sua obrigação.
Mas, calma, domésticos e domésticas da minha República Federativa da Incompetência. Por enquanto, é só um adiamento até o dia 30 deste mês. O pior está por vir. Lá pelo dia 28, o site voltará a dar problemas, a maioria dos empregadores ainda gastará horas diante do computador e o governo voltará a adiar o prazo.
Isso se algum político não tiver a ideia de propor o cancelamento dos novos benefícios. Lembram do extintor de incêndio nos veículos? Passou de obrigatório para dispensável em questão de meses.
Enquanto isso, na Romênia, o primeiro-ministro renunciou ao cargo em função do incêndio que matou 32 pessoas em uma boate. Abriu mão do nobre cargo em função da revolta das pessoas.
Para constar: na Kiss, morreram 242 pessoas. E o que se viu foi um festival de "autoridades" tirando o corpo fora. Por quê?
Porque a boate ficava em Santa Maria, uma cidade que faz parte da República Federativa da Incompetência.
* Diário Gaúcho