Para quem tem em mente os movimentos agressivos do governo da Venezuela nas fronteiras com a Guiana e a Colômbia, motivados por interesses exclusivamente eleitorais do presidente Nicolás Maduro, a recente ofensiva das forças armadas turcas contra posições curdas na Turquia e, desde terça-feira, no Iraque pode parecer mais do mesmo. Nada mais equivocado. A violência entre o exército turco e organizações curdas avança desde junho.
Ataque atribuído a curdos deixa soldados mortos na Turquia
No final daquele mês, as hostilidades entre militares turcos e milicianos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) explodiram na fronteira turco-iraquiana. Em grandes cidades, como Ancara e Istambul, tornaram-se comuns choques entre policiais e militantes da União das Comunidades Curdas (UCC), ligada ao PKK, que é ilegal na Turquia.
O dado novo da atual explosão de violência é que o alvo não se restringe ao PKK, mas inclui o Partido Democrático Popular (HDP), que obteve 13,1% dos votos na eleição de junho e conquistou 80 cadeiras no parlamento turco. As relações entre o PKK, para o qual somente a luta armada poderá garantir a autonomia curda, e o HDP são tensas. Para os nacionalistas turcos, ambos devem ser esmagados. O maior beneficiado pela fúria turca é o Estado Islâmico (EI), que combate curdos no Iraque e na Síria.
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Luiz Antônio Araujo: violência avança desde junho
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