Tem muito político jogando para a torcida ao defender aumentos salariais aos servidores estaduais em 2016. Claro que todos os trabalhadores merecem reajuste nos seus vencimentos. Isso não se discute.
Mas, para tanto, existe uma premissa básica: a existência de dinheiro para honrar a folha salarial. Hoje, o governo faz das tripas coração para manter os vencimentos em dia. Para tanto, têm prejudicado serviços essenciais, como saúde e segurança pública.
Apesar dessa ginástica financeira, os cofres do Tesouro do Estado estão raspados. A última notícia é de que, neste mês, apenas os ganhos até R$ 2 mil serão pagos dentro do prazo. Valores acima desse montante devem ser depositados com atraso, apesar das decisões judiciais determinando pagamento em dia.
A situação é ruim e não vai melhorar nos meses seguintes. Com a atividade econômica em crise e as receitas caindo, a previsão é de que 2015 termine com um rombo superior a R$ 5 bilhões nas finanças estaduais. Nesse contexto, por mais que os servidores mereçam valorização (e merecem), não dá para exigir que o governo seja irresponsável e se comprometa com aumentos impagáveis. Duvido que os deputados que votaram contra a proposta do Piratini na Assembleia não saibam disso. Claro que sabem. Mas, como só têm compromisso com o discurso, fica fácil criticar quem tem obrigação de fazer e a responsabilidade de pagar. É a oposição pela oposição, verdadeira dança do caranguejo que, historicamente, só tem puxado o Rio Grande do Sul para trás.
Garantia da estabilidade
Ficar sem aumento salarial é péssimo sempre. Muito mais num cenário de inflação em alta, como o atual. Mas mil vezes um salário defasado garantido no fim do mês do que salário algum para receber.
Bem ou mal, os servidores públicos têm seus empregos protegidos. Não estão ameaçados pelo desemprego, como acontece com seus pares da iniciativa privada. Obviamente, estabilidade no trabalho não resolve tudo, mas é uma baita vantagem, garantia que não pode ser desprezada em tempos de crise.