Questionada por Zero Hora sobre deficiências de pessoal citadas pelo Sindicato dos Servidores Penitenciários (Amapergs), a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) negou que estejam faltando funcionários na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc).
Em resposta enviada por escrito, a Susepe afirmou: "possuímos a proporção de servidores diária para as necessidades da casa."
ZH publicou reportagem nesta quarta-feira informando a carência de agentes. O déficit é citado pelos próprios servidores, que estão temerosos com a responsabilização por conta da morte do traficante Cristiano Souza da Fonseca, o Teréu.
Segundo agentes, no dia do crime não havia efetivo para monitorar o refeitório pelos mezaninos e faltavam servidores para completar as equipes de inspetoria e da sala de controle, onde são observadas imagens das câmeras.
Para explicar a ausência de servidores nos mezaninos, a instituição diz que a Norma Geral de Atuação da Pasc determina que só tenha segurança no local em dia de visita.
Além de estar sozinha no posto, a agente que olhava as câmeras é novata. Ela ingressou na Susepe em abril, fazia seu terceiro plantão, e primeiro no setor de monitoramento.
Quanto a uma servidora nova ser colocada em posto de tamanha responsabilidade, a Susepe informou: "A servidora teve todas as informações necessárias e o preparo realizado no curso. Quanto à avaliação de escalonamento e ação, cabe à sindicância analisar."
O sindicato nega que a agente tenha sido treinada para atuar naquele setor.
Sobre quantidade de agentes e de armas, a Susepe diz não poder falar por "questão de segurança." Por fim, a Susepe não admite que a falta de efetivo possa ter facilitado a ação dos detentos que mataram Teréu. Gravações mostram os presos em total liberdade de ação no refeitório por quase 60 minutos. Neste período, por 10 minutos, três homens ficaram sobre Teréu, no chão, tentando matá-lo por asfixia. Ele foi morto, teve o corpo arrastado pelo refeitório, teve os tênis furtados e nenhum guarda apareceu.
_ Não aceitamos que exista a falta de pessoal. Temos o efetivo necessário para cumprimento das atividades _ afirmou a Susepe.