A greve dos servidores técnico-administrativos começou de forma tímida nas universidades federais do Estado. O primeiro dia de paralisação, iniciada nesta quinta-feira, teve pouca adesão dos funcionários, que se preparam para ampliar o movimento nos próximos dias. Os serviços mais afetados até o momento se concentram nos restaurantes universitários, bibliotecas e no atendimento a alunos, funcionários, professores e público externo.
Em Porto Alegre, o restaurante universitário (RU) do campus central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizado na Avenida João Pessoa, não abriu. As nutricionistas aderiram à greve e deixaram muitos alunos sem almoço. No protocolo geral, que recebe as principais demandas de processos acadêmicos, as portas estavam fechadas e cartazes alertavam sobre a paralisação. Na biblioteca central, dos 20 funcionários, pelo menos três pararam.
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- Vim entregar uns documentos para ingresso de diplomado. Não sei o que fazer agora. Mas sou totalmente a favor da greve, respeito, só espero que eles reavaliem o prazo para a entrega dos documentos para não sair prejudicado - sugeriu Daniel Batista, formado em História. Ele pretende se candidatar ao curso de Geografia na UFRGS.
Servidores de universidades federais entram em greve
Mesmo sem almoço no RU, onde vai todos os dias, o estudante de Música Brunno Bonelli também concorda com a manifestação e diz que os próprios alunos comunicaram uns aos outros sobre o fechamento do restaurante.
- A gente já sabia que ia fechar. Fiquei sabendo por colegas mesmo. Aí deu tempo para se preparar. Não sou contra a greve, considero justa - comentou.
Na Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), houve restrição de atendimento na biblioteca, onde a adesão foi superior a 50%. Só duas funcionárias foram trabalhar para garantir o atendimento aos alunos. Servidores também faltaram no protocolo, em secretarias e no Departamento de Registro e Controle Acadêmico (Derca).
A estimativa dos próprios funcionários é de que pelo menos 40 pessoas tenham aderido ao movimento, de um total aproximado de 180 servidores técnico-administrativos.
- Eu entrei há dois meses, então preferi vir trabalhar, né? Tem alguns colegas que estão em estágio probatório também que continuam trabalhando - disse uma funcionária da UFSCPA, retratando o cenário do primeiro dia de paralisação: só parou quem pode.
Servidores do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul (IF-RS) - campus Canoas, Restinga e demais campi da Capital - também aderiram.
A principal pauta da categoria é salarial. Entre as reivindicações estão data-base em 1° de maio, reajuste de 27,3% e melhores condições de política salarial e plano de carreira. Cerca de 400 servidores estiveram presentes na instalação do comando de greve nesta quinta-feira, no pátio da Reitoria da UFRGS.
- É difícil falar em adesão no primeiro dia. Estamos convocando os colegas. Os servidores estão parando aos poucos. Não tenho como fazer uma avaliação - afirmou Mozarte Simões da Costa Junior, um dos diretores da ASSUFRGS, entidade que coordena a greve no Rio Grande do Sul.
Servidores do interior também pararam
A greve também contempla os técnico-administrativos das universidades federais de Santa Maria, Rio Grande e Pelotas (UFSM, Furg e UFPel). Nas duas instituições da região sul do Estado, a adesão foi considerada positiva. Já na região central, alguns servidores já pararam em diversos setores e outros devem parar na próxima segunda-feira. Não há paralisação na Unipampa.
De acordo com Zulema Ribeiro Ernandes, uma das coordenadoras da APTAFURG, a assembleia da categoria contabilizou mais de 200 pessoas nesta quinta-feira. Já no encontro organizado pela ASUFPEL, o dirigente Darci Cardoso informou que cerca de 80 servidores estavam parados. O coordenador geral da Assufsm, Alfredo Lameira, afirmou que a entidade ainda vai avaliar a adesão ao movimento.
Ministro critica greve durante negociações
O ministro da Educação, Renato Janine Ribeiro, manifestou em uma rede social seu repúdio à greve que, segundo ele, ocorre em meio ao processo de negociação com a categoria. Janine Ribeiro afirma que o governo federal dialoga com todos os setores das instituições federais de ensino superior e que várias demandas vêm sendo atendidas a cada ano, apesar das realidades conjunturais de agenda e recursos disponíveis.
- O ministério recebeu as entidades representativas de professores e servidores das universidades federais, nas últimas semanas, mas desde o início elas já informaram ter data marcada para a greve. Isto não é diálogo. O diálogo supõe a vontade de ambas as partes de conversar, só recorrendo à greve em último caso. Paralisações de viés combativo só devem acontecer quando não houver outros meios de resolver as questões - declarou.
A Federação de Sindicatos de Trabalhadores Técnico-Administrativos em Instituições de Ensino Superior Públicas do Brasil (Fasubra), em sua página oficial na internet, critica a "inexistência de negociação por parte do governo", mas cita um encontro no dia 22 de maio, no qual as posições apresentadas "não acatam a centralidade das demandas".
- O fim dos cortes na educação, a defesa dos 10% do PIB já para a educação, a democratização das instituições, o fim da terceirização e a exigência que o governo negocie efetivamente com as categorias em greve e atenda suas pautas especificas são eixos que unificam as entidades da educação federal que estão em luta - diz o texto.
*Zero Hora