A investigação criminal do acidente quetirou a vida de 51 pessoas na Serra Dona Francisca é de responsabilidade da Polícia Civil em Joinville. O inquérito policial aberto no domingo e encaminhado à Delegacia de Trânsito tem um mês para apontar as circunstâncias do episódio e eventuais responsabilidades.
Duas testemunhas já ouvidas pela polícia no Hospital Municipal São José confirmaram que houve uma troca de ônibus logo após a saída de União da Vitória (PR) porque o veículo que saiu da cidade paranaense teve problemas mecânicos. Além de receber os passageiros do ônibus danificado, o segundo coletivo ainda foi ocupado por passageiros de uma van que acompanhava o primeiro ônibus no trajeto.
As suspeitas de que foi um problema nos freios do ônibus da empresa Costa & Mar que causou o acidente ganharam força nos depoimentos tomados pela polícia. Um dos sobreviventes, ouvido pela RBS TV, afirmou que os passageiros chegaram a se segurar nas poltronas quando souberam pelo motorista de que o ônibus descia a serra desgovernado.
Empresa e motorista
Além de apurar problemas mecânicos, a investigação se voltará contra possíveis irregularidades na atuação da empresa e nas condições em que o motorista se encontrava.
- Vai buscar a regularidade dessa empresa, se estava autorizada a fazer esta viagem, se tinha registro da viagem e qual era a regularidade documental da empresa. Buscará também responder, com relação ao condutor, se estava em seu estado de saúde normal, se foi acometido por mal súbito, se havia ingestão ou não de substâncias não permitidas - diz o delegado regional Dirceu Silveira Júnior.
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Hipóteses de falha nos freios ou mal súbito do motorista
Embora não tenha participação formal na investigação, a Polícia Rodoviária Estadual (PMRv) acredita que o acidente tenha origem numa falha mecânica ou em um eventual mal súbito do condutor.
- Ou mal súbito do motorista ou falha mecânica, com falta de freio. Em princípio, é isso. Nada mais nos chamou atenção. Eram 17h30, havia visibilidade, não estava chovendo. A rodovia está em boas condições, tem sinalização adequada. Não haveria outro motivo - avalia o major da PMRv, Fábio Martins.
Os indícios de superlotação (havia 59 pessoas no ônibus) precisam ser analisados com cautela, defende o major. Isto porque crianças com menos de seis anos poderiam estar no colo de adultos.
- É preciso analisar que tinha muitas crianças. Estão contando passageiros pelo número de corpos, mas crianças de até seis anos são autorizadas a viajar no colo. Há crianças que poderiam estar no colo, é preciso observar esses detalhes. Se houve até seis crianças viajando no colo, esse número (total de passageiros) já reduz consideravelmente.
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