O primeiro-ministro britânico, David Cameron, defendeu a liberdade de expressão sobre as crenças religiosas, em resposta ao papa Francisco, que sugeriu limites. Em uma entrevista divulgada neste domingo na rede americana CBS, Cameron disse que os países do Ocidente devem mostrar que seus valores, como a liberdade de expressão, são mais fortes do que os perseguidos por extremistas islâmicos.
- Acredito que em uma sociedade livre há o direito de ofender as religiões. Eu sou cristão. Se alguém diz em algum momento algo ofensivo sobre Jesus posso achar ofensivo, mas em uma sociedade livre não tenho o direito de pedir vingança. Temos que aceitar que os jornais e revistas possam publicar coisas que são ofensivas para alguns, contanto que estejam dentro da lei - acrescentou.
No mapa, confira o local dos ataques em Paris:
Após o ataque ao jornal satírico francês Charlie Hebdo pela publicação de caricaturas de Maomé que provocaram a ira de setores muçulmanos, o Papa disse na quinta-feira em Manila que "há limites" para a liberdade de expressão. Doze pessoas, incluindo alguns dos melhores caricaturistas franceses, morreram no dia 7 de janeiro quando dois homens armados entraram na redação do jornal.
- Não se pode provocar, não se pode insultar a fé de outras pessoas, não se pode brincar com isso. A liberdade de expressão é um direito que deve ser exercido sem ofender - disse o Papa.
O novo editor-chefe da Charlie Hebdo defendeu as caricaturas.
- Cada vez que desenhamos Maomé, cada vez que desenhamos profetas, cada vez que desenhamos Deus, defendemos a liberdade de religião. A religião não deve ser um argumento político. Se Deus se mete na política, então a democracia está em perigo - argumentou o editor Gerard Biard.
Vídeo mostra terroristas executando policial em Paris:
Como foi o atentado terrorista em Paris
Três homens atacaram a sede da revista satírica francesa Charlie Hebdo, em Paris, matando pelo menos 12 pessoas. Os homens encapuzados, armados com fuzis Kalashnikov, entraram no escritório por volta do meio-dia (9h de Brasília) do dia 7 de janeiro e abriram fogo, deixando 12 vítimas fatais - 10 jornalistas e dois policiais
Após trocar tiros com a polícia, os terroristas fugiram do local em um carro dirigido por uma quarta pessoa em direção ao nordeste de Paris. Entre os mortos, estão o jornalista, cartunista e diretor do semanário, Stephane Charbonnier, conhecido como Charb, e três cartunistas: Cabu, Wolinski e Tignous.
Charlie Hebdo é uma revista satírica semanal conhecida pelo envolvimento em polêmicas. Um dos seus últimos tweets foi uma charge do líder do Estado Islâmico, Abu Bakr al-Baghdadi. O semanário já havia sido alvo de outros atentados: em 2011, a sede foi incendiada após a publicação de charge sobre o profeta Maomé.
* AFP