Em dois novos ataques após o atentado ao semanário Charlie Hebdo, três suspeitos de terrorismo foram mortos na França nesta sexta-feira. O primeiro ataque ocorreu em uma fábrica em Seine-et-Marne, a nordeste de Paris. Cherif Kuachi, 32 anos, e o irmão Said Kuachi, 34 anos, invadiram o local e fizeram um refém. A polícia entrou na fábrica, e os irmãos foram mortos.
O segundo foi em um centro comercial judeu, em Porte de Vincennes, no leste de Paris. Amedy Coulibaly, 32 anos, invadiu o estabelecimento e fez cinco reféns. Ele contou com a ajuda de sua parceira, Hayat Boumeddiene, 26 anos. Coulibaly foi morto e um refém foi liberado sem ferimentos. Quatro reféns, no entanto, teriam sido mortos, de acordo com o jornal francês Le Figaro. Três deles teriam sido mortos antes da polícia entrar no local. A parceira de Coulibaly, Hayat Boumeddiene, 26 anos, escapou.
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O perfil dos criminosos:
- Amedy Coulibaly, 32 anos, francês
O suposto autor do tiroteio fatal de Montrouge, ocorrido quinta-feira de manhã, também suspeito de estar por trás do sequestro de Vincennes, nesta sexta, é chamado de Amédy Coulibaly. Ele foi condenado a cinco anos de prisão em 2013 por seu envolvimento na tentativa de fuga da prisão de Ait Ali Belkacem, do Grupo Islâmico Armado (GIA) condenado à prisão perpétua pelo ataque contra o Museu Train of Orsay em 1995.
Nascido em Juvisy-sur-Orge, no departamento de Essonne, na França, em 27 de fevereiro de 1982, Coulibaly foi o único menino em uma família de 10 filhos. Trabalhou para a Coca-Cola.
O histórico criminal dele mostra diversas ocorrências por roubo,inclusive antes de completar 18 anos, ligação com tráfico e até assalto à mão armada a um banco em setembro de 2002. O crime mais grave foi em 2010, quando foi preso por portar 240 cartuchos de calibre 7,62mm e fotos tiradas em abril com Djamel Beghal Murat, um islamista radical que foi condenado por um ataque à embaixada dos EUA em Paris.
Junto com Coulibaly, Cherif Kouachi (um dos suspeitos do ataque a Charlie Hebdo) também foi investigado pelo ataque à embaixada. No entanto, as provas encontradas não foram suficientes para que fosse preso.
- Cherif Kuachi, 32 anos, francês
Suspeito de invadir a redação do Charlie Hebdo ao lado do irmão, Cherif era um jihadista muito conhecido pelos serviços antiterroristas franceses, condenado à prisão em 2008 por participar de uma rede de recrutamento de combatentes para o Iraque.
Nasceu em 28 de novembro de 1982, em Paris, e ficou sob os cuidados dos serviços sociais entre 1994 e 2000, em um centro educacional da França, pois sua família estava em situação de vulnerabilidade. Enquanto esteve no centro, diplomou-se em Hotelaria e fez um curso de eletrotécnica.
Apelidado de Abu Isen, Cherif integra a chamada "rede de Buttes-Chaumont". Sob a autoridade do "emir" Farid Benyettu, esta rede permitia enviar jihadistas para incorporá-los ao braço iraquiano da Al-Qaeda, então dirigida por Abu Mussab al Zarkaui.
Detido pouco antes de viajar à Síria e, de lá, ao Iraque, Cherif foi julgado em 2008 e condenado a três anos de prisão, com 18 meses sob liberdade condicional. Dois meses depois, seu nome apareceu no plano de fuga da prisão projetado para o combatente islamita Smain Ait Ali Belkacem, membro do Grupo Islâmico Armado Argelino (GIA), condenado em 2002 à prisão perpétua pelo atentado que deixou 30 feridos na estação Museu de Orsay de Paris, em outubro de 1995. Indiciado no caso, acabou absolvido.
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Sobre Cherif Kouachi, também pesava a suspeita de ser ligado a outra figura do islã radical francês, Djamel Beghal, que passou 10 anos na prisão por preparar atentados. Cherif Kouachi era suspeito de participar de treinamentos com Djamel Beghal.
- Said Kuachi, 34 anos, francês
Irmão de Cherif. Nasceu em 7 de setembro de 1980, também em Paris. Junto com Cherif, viveu sob os cuidados dos serviços sociais entre 1994 e 2000, em um centro educacional da França.
- Os serviços sociais de Paris nos confiaram os dois irmãos porque viviam em uma família vulnerável - explicou ao jornal La Montagne o chefe do centro, Patrick Fournier, acrescentando que, à época, os dois estavam "perfeitamente integrados e jamais apresentaram problemas de conduta".
Said era suspeito de ter invadido a redação do Charlie Hebdo ao lado do irmão. A carteira de identidade dele foi encontrada em um carro abandonado pelos foragidos no nordeste de Paris.
Segundo um funcionário americano informou à AFP, no entanto, os irmãos figuram na base de dados americana de suspeitos de terrorismo, incluindo a No Fly List, que proíbe a presença em voos para ou a partir dos Estados Unidos.
Irmão mais velho, Said passou "vários meses" treinando com armamento de guerra com um membro da Al-Qaeda no Iêmen em 2011, antes de regressar à França, disse ao jornal The New York Times um funcionário americano.
Vídeo mostra terroristas executando policial na saída da sede:
Confira imagens do atentado:
* Zero Hora, com informações da AFP