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Quase um terço das escolas particulares gaúchas tem desempenho insatisfatório quando o assunto é preparar os alunos para o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo dados divulgados na segunda-feira pelo Ministério da Educação, em 84 das 287 instituições da rede privada, a média dos alunos nas disciplinas objetivas não atingiu os 550 pontos, número médio dos cinco níveis de proficiência estabelecidos para o exame.
O resultado também não é dos mais animadores quando se compara o desempenho da avaliação anterior. Na lista divulgada em 2013, as instituições privadas no segundo nível representavam 17,8%. Só entram na lista as intituições privadas em que, pelo menos, 50% dos alunos prestam o exame.
Em nenhum dos dois anos uma escola gaúcha atingiu o quarto nível, 650 pontos. O quinto nível, que exige pelo menos 750 pontos, é sonho ainda mais distante.
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O que numericamente expressa um avanço das falhas no ensino pago, no entanto, é avaliado com cautela pelas autoridades do setor. Para o presidente do Sindicato do Ensino Privado (Sinepe-RS), Bruno Eizerik, o ranqueamento não contempla o ensino em sua complexidade, gerando resultados podem não expressar as reais qualificações das escolas:
- Solicitamos uma série de estudos sobre esses dados. O Enem é um indicador, é uma das coisas que a escola pode levar em conta. Temos escolas que podem não considerá-lo um fator importante para o ensino que querem dar - defende.
Apesar do pífio desempenho das particulares gaúchas, o topo do ranking do exame ainda é dominado pelas pagas. Das 157 instituições que atingiram o quarto nível - nenhuma escola brasileira, pública ou privada, atingiu 750 pontos -, mais de 90% são privadas. O bloco contempla representantes de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais, Piauí, Bahia, Rio Grande do Norte, Distrito Federal, Goiás, Paraná, Espírito Santo, Ceará, Pernambuco e Sergipe.
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Ao mesmo tempo que o fraco desempenho do ensino privado no Rio Grande do Sul preocupa, não surpreende quem paga a conta. Presidente da Federação das Associações de Pais e Mestres das Escolas Particulares do Rio Grande do Sul (Federapars), Ibanor Mollmann acredita que a queda na qualidade do ensino também está relacionada a uma mudança na relação dos pais com as escolas.
- Hoje chama a atenção como os pais buscam segurança (no ensino privado). O aspecto da aprendizagem, que seria a missão da escola, não é o foco. Depois, colocam os filhos em cursinhos (pré-vestibulares) - avalia.
Na percepção do Sindicato dos Professores do Ensino Privado (Sinpro-RS), o resultado apenas "reflete a realidade" das condições enfrentadas pelos docentes. Segundo o diretor Marcos Fuhr, questões como sobrecarga de trabalho e desvio de funções são problemas comuns nas instituições privadas e prejudicam o desempenho dos professores.
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- Há uma enorme resistência das escolas em atenderem às reivindicações dos professores. Eles precisam ter tempo e condições para serem qualificados. Precisam estímulo para isso - disse o dirigente.
Os diversos fatores abordados pelas entidades para tentar explicar o mau posicionamento das particulares gaúchas no Enem fazem sentido, mas têm pesos diferentes, segundo a avaliação de Elizabeth Krahe, doutora em educação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). O foco dos pais que colocam filhos em escolas privadas, acredita, ainda é a qualidade de modo geral. Já a vida dos professores pode não estar das melhores, mas, nas boas escolas, sua qualificação contínua está entre as prioridades. A questão central, para Elizabeth, pode estar na maneira como as instituições encaram o exame.
- O Enem está ganhando cada vez mais força e vai ganhar ainda mais, pois há uma pressão grande do governo federal. Será a prova universal brasileira de final de nível médio e está sendo usado como parâmetro de rankear escolas. Elas terão de se curvar. Ou terão de assumir que rankeamento não interessa aguentar as consequências.
*ZERO HORA