O tom do discurso dos candidatos que disputam o governo do Estado aumentou no primeiro debate realizado neste segundo turno, na Rádio Gaúcha. Tarso Genro (PT) e José Ivo Sartori (PMDB) participaram do embate que durou uma hora e 30 minutos, onde formularam questões entre si com tema livre e a partir de temas sorteados pela produção. Pedágios e concessões de rodovias, dívida do Estado com a União, educação, privatizações, inovação tecnológica e atração de investimento e segurança foram os principais pontos abordados. A saúde acabou ficando fora dos questionamentos.
Logo na fala inicial, Tarso Genro exaltou políticas de seu governo com o enfrentamento de questões consideradas prioritárias, como o processo de renegociação da dívida do Estado com a União. Ele lembrou que a última negociação foi feita durante o governo de Antonio Britto, do PMDB (1995-1998). Ele também destacou outro tema recorrente na campanha. “Quando foi instituído o pedagiamento nas estradas gaúchas com tarifas exorbitantes o Sartori era líder do governo Britto na Assembleia”.
Já José Ivo Sartori evitou atacar diretamente o atual governador, adotando um discurso conciliador na maior parte do tempo. No entanto, em alguns momentos, criticou seu oponente por não ligar programas atuais com governos anteriores. “Se o Tarso Genro tivesse mais humildade ele reconheceria o que os outros fizeram”, disse. O ex-prefeito de Caxias do Sul afirmou que o Estado deve proporcionar um ambiente de desenvolvimento, mas não deve atrapalhar o mercado. Também salientou que valoriza o passado, mas prefere focar no presente e no futuro.
Primeiro bloco
Após a apresentação inicial, os candidatos formularam perguntas entre si com tema livre. Sartori questionou sobre ações na área tecnológica. Tarso respondeu criticando a falta de estrutura da Secretaria de Ciência e Tecnologia no governo passado e destacou o apoio a parques tecnológicos. Sartori lembrou que a primeira pasta a cuidar do tema ocorreu durante governo do PMDB, do senador Pedro Simon.
Segundo bloco
Neste bloco, as perguntas tinham tema definido em sorteio realizado no estúdio. Sobre finanças públicas, o tema que recebeu destaque foi a dívida do Estado com a União, que voltaria a aparecer em outros momentos. Sartori criticou a lentidão no processo de negociação.
“É preciso lutar com todos os outros governadores, por que lá atrás foi feita com todos os estado”, disse Sartori.
Tarso respondeu dizendo que é preciso acertos políticos e econômicos e isso deixa a resolução lenta. “Não é golpe de sorte ou imediatismo. É um processo delicado e a presidenta pensa em todos os estados”, frisou o atual governador.
Quanto à educação, Tarso Genro lembrou das “escolas de lata” instituídas durante o governo de Yeda Crusius e salientou que, nos últimos três anos e meio, mais de 1,5 mil escolas foram reformadas. Destacou também que o Estado subiu da 11ª para a segunda posição em índices de avaliação da educação básica. Sartori exaltou o reconhecimento que Caxias do Sul recebeu do Ministério da Educação, quando ele era prefeito, de cidade livre de analfabetismo. Já na segurança, ambos concordaram que a melhoria nos índices de violência passa pela valorização do servidor. Sartori exaltou o policiamento comunitário instalado em Caxias do Sul. Tarso falou sobre contratações na Brigada Militar e Polícia Civil, aumento de salários e ampliação na resolução de crimes.
A previdência também foi um dos temas sorteados. O atual governador falou sobre a constituição do Fundo de Previdência dos Servidores, uma possível saída para o déficit que atinge o Instituto de Previdência do Estado (IPE). Sartori disse que há descontrole no estado e falou sobre a diferença negativa de R$ 7 bilhões que o órgão terá ao final de 2014.
Terceiro bloco
As perguntas voltaram a ter tema livre entre os candidatos. Tarso perguntou a Sartori se ele continuaria com a política de valorização do salário mínimo regional, já que o vice na chapa do ex-prefeito de Caxias do Sul, José Paulo Cairolli, sempre se posicionou contrário ao piso gaúcho. A resposta veio em forma de desafio. Sartori afirmou que respeitará a posição de Cairolli, mas quem irá governar é ele e, portanto, terá a decisão final. Quanto ao meio ambiente, ambos concordaram que é preciso desburocratizar a emissão de licenças para a agilização de obras públicas e privadas.
Sartori lembrou que o Fundopem, incentivo para atração de investimentos no estado através de programas fiscais, começou no governo de Pedro Simon. Tarso destacou que a modificação no programa que permite a abrangência de pequenas e médias empresas, além de cooperativas ocorreu no seu governo.
Quarto bloco
Esse espaço foi destinado apenas para as considerações finais dos candidatos. Ambos agradeceram os votos recebidos, destacaram a importância dos partidos que formam a coligação. Os dois candidatos também lembraram as coligações que sustentam suas candidaturas. Finalizaram pedindo a preferência dos eleitores.
Tarso Genro foi o primeiro a falar e pediu para que o processo (seu governo) não seja interrompido. “Não vamos sair da crise nos apequenando, reduzindo meia dúzia de reais com gastos”, citando as áreas da saúde e da educação. Sartori encerrou o debate afirmando que não deixará nada sem resposta e que não irá transferir responsabilidades. “Só fiz uma decisão sozinho: a de não trabalhar sozinho", disse.
O debate foi mediado pelo jornalista Daniel Scola. A jornalista Rosane de Oliveira monitorou as redes sociais e trouxe a contribuição de ouvintes.
Ouça a íntegra do debate na Gaúcha