Prometida há anos - e desejada há muito mais tempo -, a duplicação de três vias cruciais para a zona sul de Porto Alegre não sairá do papel em 2013. Proteladas em diferentes ocasiões, as obras nas avenidas Oscar Pereira, Vicente Monteggia e Edgar Pires de Castro agora vão, oficialmente, atrasar.
A confirmação veio no final de agosto, com o anúncio de corte de gastos pela prefeitura de Porto Alegre. Com o pacote de contenção de R$ 314,6 milhões em despesas, os três projetos de mobilidade urbana foram vetados - pelo menos por enquanto.
Inscritos no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) 2, os trabalhos na Vicente Monteggia e na Edgar Pires de Castro - se contemplados pelo financiamento - exigem outros gastos dos cofres municipais, em contrapartidas e desapropriações, por exemplo. A Secretaria Municipal de Obras e Viação (Smov) havia cogitado que as máquinas começassem a funcionar ainda neste ano nas avenidas.
Já a obra da Oscar Pereira havia começado a engatinhar em março do ano passado, quando foi assinado o início da elaboração do projeto de duplicação dos seis quilômetros da via. Agora, andou para trás.
- O que se entende é que a Zona Sul está relegada há muito tempo, ainda mais agora com as obras da Copa. A duplicação dessas avenidas é de suma importância para desafogar o trânsito na região, que está cada vez mais caótico. Sem as obras, só tende a piorar - lamenta o presidente da Associação Comunitária de Moradores e Amigos da Zona Sul de Porto Alegre, José Paulo de Oliveira Barros.
A prefeitura garante que, mesmo sem previsão de execução, os trabalhos continuam no cronograma de melhorias da Capital. Mesmo as obras sendo consideradas fundamentais devido ao crescimento imobiliário e populacional da Zona Sul, o Executivo defende que o cenário financeiro atual impede novos investimentos.
- O anúncio do prefeito reflete uma avaliação do momento atual, que diretamente atinge a receita do município. Estamos com várias obras em andamento na cidade, que consomem recursos consideráveis do orçamento do município. Os três projetos já estão praticamente prontos, refeitos e adequados à realidade. Agora, vamos aguardar um próximo momento de folga orçamentária para incluí-los - garante o secretário da Smov, Mauro Zacher.
À comunidade, fica o desejo de ver as promessas se concretizarem em asfalto. Líder comunitária, a moradora da Estrada Gedeon Leite, Loeci Teresinha da Silva, batalha desde 2000 pelas obras de mobilidade na região. Agora, está descrente em relação aos avanços.
- Vamos esmorecendo com essas coisas. Em mais de uma vez, as duplicações foram eleitas projetos essenciais para a região na votação do Orçamento Participativo. Mas, até agora, o que conquistamos foi apenas a obra da Juca Batista - desabafa Loeci.
O projeto da Oscar Pereira está avaliado em R$ 130 milhões, e as obras da Vicente Monteggia e da Edgar Pires de Castro custariam R$ 60 milhões, cada.