Realizada em 21 de junho, a eleição para a reitoria da Universidade Federal de Pelotas (UFPel) segue causando polêmica. Após o resultado que deu a vitória a uma chapa de oposição à atual administração, o reitor, César Borges, e as entidades ligadas à instituição têm trocado farpas a respeito do resultado final. A última delas, sobre a validade do resultado da consulta entre alunos, professores e técnicos.
Tecnicamente, o pleito envolvendo todos os representantes da universidade não dá à lista tríplice vencedora a garantia de assumir a reitoria, já que a decisão deve ser confirmada pelo Conselho Universitário. A realidade, porém, é outra: há 20 anos, o resultado das urnas é apenas avalizado pelo conselho.
A polêmica da vez está justamente nesse acordo. Com um artigo intitulado "As Eleições para Reitor: Para cumprir a Lei é preciso ter coragem", Borges classifica a eleição realizada em junho como uma "consulta informal à comunidade universitária e que "a eleição sequer ocoreu". Ele ressalta que "prevalece o voto a ser colocado na urna pelos conselheiros".
O artigo do reitor foi criticado pelas associações de docentes (Adufpel) e servidores (Asufpel). Em documento assinado por elas e pelo Diretório Central dos Estudantes (DCE), é questionada a intenção de Borges ao publicar seu artigo a respeito da eleição. Segundo as entidades, nas duas vezes nas quais o foi eleito, Borges venceu a consulta entre todos os integrantes da univeridade, sendo apenas avalizado pelo conselho.
- Ele (o reitor) está querendo desqualificar o processo eleitoral - diz o presidente da Adufpel, Sérgio Cassal.
Outra polêmica levantada pelo reitor é sobre uma possível coação que estariam sofrendo os integrantes do conselho. Borges diz que os conselheiros estão "sendo abordados no ambiente de trabalho e em casa por representantes da chapa vencedora na consulta informal", o que, em sua visão, "contraria os princípios básicos da liberdade e da ética".
A mensagem é direcionada ao site denominado "UFPel contra o golpe". O blog montou uma seção na qual pede aos conselheiros que se manifestem a respeito da eleição para a reitoria, questionando se abrirão o voto e se manterão o resultado apontado nas urnas. Segundo os criadores, o objetivo é "oferecer um observatório transparente e objetivo sobre o processo de sucessão na Reitoria da universidade, o que inclui a posição dos membros do Conselho Universitário sobre a confirmação formal do resultado da consulta à comunidade".
Até o momento, o site aponta que, dos 65 conselheiros, 33 votarão de acordo com o resultado apontado na consulta de junho. A data para a reunião de eleição do Conselho não foi marcada.
Procurado por Zero Hora, César Borges respondeu por e-mail e disse que "houve algum equívoco na interpretação do artigo". Também garantiu não ter afirmado que a consulta universitária para a reitoria não teria validade. Reiterou, ainda, que o nome do professor vencedor nas consultas informais "sempre é válido como indicação para o Conselho Universitário, que é o único órgão que tem poder e competência para elaborar a lista tríplice".
Por fim, Borges disse não saber se surgirão ou não outros nomes para concorrer ao cargo e garantiu que a reunião do conselho será agendada para setembro, tão logo terminar a greve dos professores.