Até se poderia pensar que o novo coronavírus tem uma predileção pelos famosos, a julgar pelas inúmeras celebridades que apanhou em suas primeiras semanas de Brasil. Além de vários figurões de Brasília, infectou personalidades conhecidas como os presidentes de Grêmio e Inter, a atriz Fernanda Paes Leme, o roqueiro Dinho Ouro Preto e a blogueira Gabriela Pugliesi. Entre os primeiros casos está o da cantora Preta Gil, que teria se infectado durante um show no casamento da irmã de Pugliesi, em 7 de março. Já recuperada, ela contou a experiência em entrevista a GaúchaZH.
Como foi ficar afastada da família?
Foram dias difíceis, de muitas incertezas e horas intermináveis. Nossa família é muito unida, e o grupo de WhatsApp e as redes sociais ajudaram muito. Meu pai (Gilberto Gil) estava se apresentando na Europa e também foi surpreendido com a velocidade de tudo. Vimos que tudo estava conectado e que todos deveriam se informar, se preocupar e se proteger. Quando acabaram os 14 dias em que me recolhi, logo após receber alta, fui a casa da minha irmã Bela (Gil), e ela me deu um abraço tão forte, ela foi tão maravilhosa em ser a primeira pessoa a me abraçar, que eu senti todo o amor da nossa família e amigos naquele gesto.
O que te distraía durante o isolamento?
Os amigos foram muito presentes, eu recebia mensagens e chamadas de vídeo o tempo todo. Também ouvi pessoas da fé, religiosos, esotéricos, católicos, espíritas, evangélicos. Me permiti receber o amor e a esperança de quem aparecia para me incentivar, me dar uma palavra de carinho. Isso é algo fundamental. Desde quando desconfiei dos sintomas e depois testei positivo, me isolei no hotel em que estava em São Paulo, com o Rodrigo, meu marido, e Soraya, minha maquiadora, cada um isolado em uma área do apartamento. E ainda nossa cachorrinha, a Lua. Sem eles eu não sei como seria. Tínhamos uma varandinha onde revezávamos o banho de sol e onde eu recebia o carinho dos vizinhos.
Qual foi o pior momento da doença?
Lidar com o preconceito das pessoas logo no início, muito por conta da desinformação. No inicio, o hotel me perguntou quando iríamos sair, pois os hóspedes estavam apavorados. Eles não sabiam como lidar com uma situação inédita. Depois de curada , quando cheguei ao meu prédio, vi um casal de vizinhos sair correndo, literalmente.
*Colaborou Luísa Tessuto