Até a tarde desta sexta-feira (3), o Rio Grande do Sul tinha confirmação de 396 pessoas infectadas pelo coronavírus. Dessas, seis morreram e um número desconhecido ainda luta pela vida. Mas uma parte significativa dos que adoeceram venceu a batalha e pode contar como foi a experiência.
Nos últimos dias, GaúchaZH conversou com algumas dessas pessoas que se recuperaram. O depoimento delas é importante porque, mesmo com todos os cuidados tomados pela população, muitos de nós vão travar a mesma batalha nas próximas semanas. Ouvir quem já passou pela covid-19 mostra que há saída do outro lado.
— Nenhum de nós esperou viver isso. É sem dúvida o maior marco nos últimos cem anos de história da humanidade. É uma experiência que vai ficar marcada na vida de todos nós — diz o médico Guilherme Alves Diogo da Silva, 37 anos.
Guilherme é um dos 334 infectados. Provavelmente contraiu o vírus de uma colega que estava assintomática, por volta do dia 15 de março. Os sintomas começaram no dia 20, uma sexta-feira, e incluíram dores no corpo, cefaleia, febre, tosse, perda de olfato e diarreia.
— Tu te sentes realmente doente. São sintomas como os de uma gripe forte, que tira as condições operacionais e de trabalho da pessoa. Foram 48 horas de sintomas mais intensos, um período bem difícil, de ficar de cama, sem energia para nada além de ir ao banheiro eventualmente e se alimentar. Fiquei apreensivo — relata.
Curados ou recuperados? Qual a palavra mais adequada?
Não há consenso entre as instituições que detêm informações sobre a pandemia do coronavírus. A Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Porto Alegre usam a palavra "recuperados", enquanto o Ministério de Saúde (MS) e a Secretaria Estadual de Saúde (SES) optam por "curados". GaúchaZH respeitará a fonte que estiver repassando a informação. Nas notícias sobre o coronavírus em Porto Alegre, por exemplo, como a fonte é a SMS, usaremos "recuperados".
O médico da Capital manteve-se em isolamento domiciliar com a mulher, que também teve o vírus. Os piores momentos de cada um não coincidiram, o que permitiu que um cuidasse do outro. Pouco a pouco, os sintomas foram cedendo, até desaparecerem. Ao longo da última semana, quarentena completa, pronto para voltar ao trabalho, Guilherme estava apto a dar uma notícia animadora:
— Vai melhorando a cada dia. Estou zerado.
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