Rebeca Andrade inscreveu o "Yurchenko com tripla pirueta", acrobacia nunca executada em competições, junto à Federação Internacional da Ginástica (FIG) e gerou expectativa de que poderia realizá-lo na final do salto da Olimpíada de Paris para tentar tirar o ouro de Simone Biles neste sábado (3). Durante a decisão, contudo, a brasileira optou pela execução do "cheng" e do "Almana", saltos de alta dificuldade no qual tem mais segurança, para ficar com a prata após receber média de 14,966 contra 15,300 da campeã Biles.
Sorridente e satisfeita com o segundo lugar, a brasileira explicou que preferiu não arriscar o complexo movimento porque não se sentiu confiante o suficiente. Caso tentasse e cometesse erros graves, poderia ter ficado de fora do seu quinto pódio olímpico, que a fez alcançar os velejadores Robert Scheidt e Torben Grael no topo da lista de maiores medalhista olímpicos da história do Brasil.
— Queria muito ter feito porque treinei bastante para isso, mas eu não estava 100% confiante quanto para fazer outras coisa. Talvez precisasse de mais treino — disse Rebeca.
— Estou com minha prata, fiz dois saltos muitos bons, estou orgulhosa. Se um dia eu tiver que fazer, espero que seja isso. Vou continuar treinado bastante para ter essa confiança — completou.
O "Yurchenko com tripla pirueta", conhecido pela sigla YTT, é uma manobra complexa e de dificuldade elevada. Depois que Rebeca o inscreveu, a FIG avaliou a dificuldade em 6,0. Seria o salto mais difícil depois do "Biles 2", que tem 6,400 de nota de dificuldade. Caso fosse executado sem falhas graves, o movimento seria rebatizado com o nome da brasileira.
Saltos da família Yurchenko são prática comum na categoria, mas a variação com três rotações que totalizam 1080º nunca foi apresentado. O movimento consiste em um rodante no trampolim, um mortal para trás com impulso na mesa de salto e outro mortal para trás com três twists antes da aterrissagem.
No começo do mês, o Comitê Olímpico do Brasil (COB) publicou um vídeo em suas redes sociais sobre o treinador da seleção brasileira de ginástica artística, Francisco Porath Neto. Os espectadores mais atentos, no entanto, notaram um detalhe importante. Em uma das imagens, Rebeca aparece treinando o "Yurchenko com tripla pirueta". À época, a ginasta ainda não havia registrado o salto.