Simone Biles tornou-se uma lenda no esporte mundial não só pelas suas sete medalhas de ouro olímpicas. A norte-americana foi quem naturalizou o debate sobre saúde mental no esporte de alto rendimento, ao desistir de quatro finais nos Jogos de Tóquio, em 2021, alegando a necessidade de cuidar de si. Nesta segunda (5), em Paris, a ginasta foi questionada por Zero Hora sobre o tema, logo após a final do solo, quando foi superada por Rebeca Andrade e ficou com a prata.
— Acho que colocar a saúde mental em primeiro lugar e tirar um tempo para si cria uma longevidade no esporte, especialmente, mas também é importante para se ter um estilo de vida melhor e mais saudável, esteja você praticando esporte. É muito importante colocarmos nossa saúde mental em primeiro lugar, e aí todo o resto se encaixará — disse Simone Biles, durante entrevista coletiva na Arena Bercy.
Em Tóquio, a norte-americana classificou-se para seis finais, mas competiu apenas na trave e na prova por equipes. Na ocasião, a ginasta desistiu do solo, das barras assimétricas, do salto e do individual geral, alegando estar sem condições emocionais para competir. Para o psicólogo esportivo do Comitê Olímpico do Brasil (COB), Eduardo Cillo, a atitude de Biles encorajou os atletas de alto rendimento a naturalizarem o debate sobre a saúde mental.
— O caso da Simone Biles foi emblemático porque se tratava de uma grande atleta de um país muito poderoso. Com isso, você consegue perceber que tem algo muito difícil no esporte de alto rendimento que é a exigência, a pressão e a cobrança. Mesmo capazes de grandes feitos, eles continuam sendo humanos e, para eles, também existem limites. Eles agora estão se sentindo mais encorajados justamente porque grandes atletas com muita visibilidade vieram a público falar das suas dificuldades — disse Cillo, em entrevista recente.
Na mesma entrevista coletiva, Simone Biles falou a Zero Hora sobre Rebeca, a quem definiu como "uma ginasta incrível"
— Eu amo a Rebecca. Ela é absolutamente incrível. É uma pessoa incrível e uma ginasta ainda melhor. Ela me mantém sempre alerta e me faz sempre querer ter um desempenho melhor. Ela é muito, muito talentosa. Eu amo ela, ela é incrível — disse Biles.
Apesar de ter sido superada por Rebeca no solo, a norte-americana disse ainda esperar ver muitas vezes a brasileira nos ginásios.
— Eu vejo a Rebeca tendo uma longevidade muito longa no esporte. Estou animada para ver o que ela vai fazer na sequência. Mas, agora, acho que ela vai tirar um tempo e relaxar, como todos nós deveríamos — finalizou a norte-americana.
Com o ouro no solo, as pratas no individual geral e no salto e o bronze por equipes conquistados em Paris, aliados às duas medalhas de Tóquio, Rebeca chegou a seis medalhas, se isolando como a maior medalhista olímpica do Brasil em todos os tempos.