Depois do presidente Emanuel Macron, a ministra do esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra, 46 anos, é uma das principais personagens da política francesa ligada às Olimpíadas 2024. No dia 13, a titular da pasta foi a primeira autoridade a mergulhar no Rio Sena para mostrar que as águas já estão despoluídas para os Jogos.
A quatro dias da cerimônia de abertura, a ministra atendeu a reportagem de Zero Hora, no Palácio do Eliseu, sede do governo francês. Ex-tenista e ex-namorada do brasileiro Gustavo Kuerten, Amélie é ainda amiga de dois gaúchos do mundo do tênis: o ex-técnico de Guga, Larri Passos, 66 anos, e a ex-tenista Miriam D'Agostini, 45 anos, de Passo Fundo.
— Éramos muito amigas. Sempre nos divertimos muito e compartilhamos lindos momentos no circuito — contou.
A ministra falou ainda sobre o polêmico banho no Rio Sena — onde serão disputadas as provas da maratona aquática e do triatlo —, projetou o legado olímpico para a cidade de Paris, expressou carinho pelo Brasil e disse esperar que as Olimpíadas ajudem a "aliviar a dor" do povo gaúcho atingido pela enchente em maio.
— Esperamos que os Jogos proporcionem alegria e união ao povo do Estado neste momento de reconstrução — afirmou.
Confira a entrevista exclusiva com a ministra do esporte da França, Amélie Oudéa-Castéra
Como foi o banho no Rio Sena? As águas estão despoluídas? Será seguro para os atletas nadarem?
Sim, a água está limpa. Nadei e não senti absolutamente nenhum efeito colateral. Estamos muito felizes porque logo os triatletas e os nadadores estarão prontos para nadar. Serão competições fantásticas.
As Olimpíadas não são unanimidade para os parisienses. Que legado a senhora imagina que os Jogos trarão à cidade?
As Olimpíadas transformarão várias regiões de Paris, em especial as mais pobres, como Saint-Denis, onde está localizada a Vila Olímpica, que depois será entregue à comunidade. Mas, analisando de forma mais ampla, estamos demonstrando que podemos realizar jogos sustentáveis. Podemos organizar um evento bem-sucedido e alinhado com uma preocupação ecológica. Outro exemplo (de legado olímpico) é que, para a operação dos Jogos, buscamos pessoas que estavam fora do mercado. As treinamos e contratamos. Isso é engajamento social e significa muito para nós.
A senhora foi tenista nos anos 1990 e teve um relacionamento com o ídolo brasileiro Gustavo Kuerten. Como é sua relação com o Brasil?
Tenho lembranças realmente fantásticas dos meus anos no tênis. Tive a oportunidade de conhecer Gustavo Kuerten e Larry Passos, seu ex-treinador, e tivemos um ótimo convívio. Quando ele (Guga) venceu o primeiro Aberto da França (Roland Garros, em 1997), tive muita sorte de estar perto dele. Sempre gosto de relembrar esses momentos de quando éramos jovens e quando estávamos no circuito de tênis juntos, eu e toda a seleção brasileira. A propósito, de onde no Brasil você é?
Sou de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul.
Mesmo? Eu era muito amiga da Miriam D'Agostini (45 anos, ex-tenista de Passo Fundo, que competiu nas duplas da Olimpíada de 1996, em Atlanta, nos EUA, e foi número 1 do Brasil nos anos 1990). Ela regula de idade comigo, e compartilhamos lindos momentos juntas no circuito. Sempre nos divertimos muito. Eu, ela e o pessoal de Porto Alegre, Florianópolis, Curitiba e outras cidades. Essas amizades significam muito para mim.
O Rio Grande do Sul foi devastado por uma enchente em maio. A senhora acredita que as Olimpíadas podem ajudar a elevar a confiança do povo gaúcho no processo de reconstrução do estado?
Sim, com certeza. Eu vi as imagens e percebi o quanto deve ter sido duro para o povo do Rio Grande do Sul. Nós realmente esperamos que as Olimpíadas deem alegria e união aos gaúchos neste momento de reconstrução. E que o Brasil possa ser bem-sucedido em várias modalidades, que dê orgulho ao seu povo e que isso ajude um pouco a aliviar a dor das pessoas que vivem no Estado.