Fadinha, como é conhecida Rayssa Leal, 13 anos, aprendeu a dar os primeiros passos no skate por conta própria assistindo a vídeos dos seus ídolos pelo celular. Desde 2018, com apenas 11 anos, já integra a seleção brasileira da modalidade e é vista como uma das melhores do mundo na categoria street, dona de um talento raro. Isso acabou se confirmando nos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, quando ela ficou atrás apenas da japonesa Nishiya Momiji, também de 13 anos e medalha de ouro.
— Minha história e a história de muitas outras skatistas que quebraram todo esse preconceito, toda essa barreira de que o skate era só para menino, para homem, e saber que estou aqui e posso segurar uma medalha olímpica, é muito importante para mim — disse após faturar a prata.
Foi a segunda medalha do skate brasileiro em Tóquio. Antes, Kelvin Hoefler havia ficado com a prata - o skate está fazendo a sua estreia no programa olímpico.
— Não caiu a ficha ainda. Poder representar o Brasil e ser uma das mais novas a ganhar uma medalha. Eu estou muito feliz, esse dia vai ser marcado na história. Eu tento ao máximo me divertir porque eu tenho certeza de que, se divertindo, as coisas fluem, deixa acontecer naturalmente se divertindo — disse Rayssa.
A garota magricela e de sorriso fácil com aparelho ortodôntico parecia brincar na pista do Ariake Urban Sports Park. Aliás, brincou e fez piada até com a medalha: "Pesa mais do que eu."
Atual vice-líder do ranking mundial, Fadinha não se intimidou diante das adversárias mais experientes e deu show com manobras espetaculares. Chamou atenção ainda a calma e o desempenho de Rayssa, que em alguns momentos foi vista dançando relaxada na pista. Bastante inspirada, foi derrubando as rivais ao longo das baterias até conquistar o seu lugar no pódio.
Vida "adulta"
A primeira vez que ela subiu em cima de um skate foi aos 6 anos, quando seus pais lhe deram o equipamento de presente. Um ano depois, já estava participando de torneios. Aos 9 anos, Rayssa já não competia mais entre as crianças para disputar campeonatos na categoria geral. Passou, então, a levar uma vida de "adulta", treinando três horas todos os dias.
— Minha história é a história de muitas outras skatistas que quebraram todo esse preconceito, toda essa barreira de que o skate era só para menino, para homem. Saber que estou aqui e posso segurar uma medalha olímpica é muito importante para mim — disse.
A partir do próximo dia 3, começam as disputas da modalidade park do skate nos Jogos de Tóquio. Com atletas bem ranqueados, o Brasil também está cotado para conquistar mais medalhas.