Há cinco anos, a piscina do Parque Olímpico da Barra da Tijuca e a pista de atletismo do Engenhão serviram de palcos das brilhaturas finais de duas lendas do esporte.
Em 2016, no Rio de Janeiro, o americano Michael Phelps, multicampeão da natação, e o jamaicano Usain Bolt, recordista dos 100m e 200m, foram os protagonistas de sempre e conquistaram suas últimas medalhas olímpicas.
Embora sem o mesmo peso de Phelps e Bolt na história dos Jogos, outros grandes campeões de diferentes modalidades devem fazer em Tóquio, de 23 de julho a 8 de agosto, a última aparição no maior evento do planeta.
Entre esses superatletas que também merecem um lugar no olimpo esportivo, a coluna No Pódio o ginasta japonês Kohei Uchimura, a velocista jamaicana Shelly-Ann Fraser-Pryce e os tenistas Roger Federer, da Suíça, e Serena Williams, dos Estados Unidos.
A ginástica tem sua majestade
Durante sua vitoriosa carreira, Kohei Uchimura tornou-se sinônimo de excelência na ginástica artística. Para muitos fãs, aliás, trata-se do maior atleta masculino na história da modalidade. De fato, poucos foram tão dominantes nos ginásios mundo afora como o japonês. De 2009 a 2016, Uchimura conquistou seis títulos mundiais e dois ouros olímpicos no individual geral, a competição que consagra o ginasta mais completo. Também coleciona medalhas em disputas por equipes e de especialistas, como o salto e a barra fixa. Suas apresentações perfeitas nos seis aparelhos lhe valeram o apelido de Rei Kohei.
Aos 32 anos, o ginasta participará de sua quarta e última Olimpíada, desta vez em casa. Mas o caminho até os Jogos foi acidentado. No último ciclo, sofreu com lesões que o afastaram dos principais eventos. No início do mês, na seletiva japonesa, conquistou a vaga olímpica no sufoco: ao empatar a pontuação com Hidenobu Yonekura, só garantiu seu lugar na equipe porque tinha melhor ranking.
— Não acho que eu mereça (a vaga). Eu me desculpei com Yonekura posteriormente — disse um sincero campeão, que completou: — Não sinto que depois da performance de hoje (5 de junho), eu realmente mereça ser chamado de Rei.
Em sua despedida dos Jogos, Uchimura vai competir apenas na barra fixa, aparelho em que o atual campeão mundial é o brasileiro Arthur Nory.
A mãe mais veloz do planeta
Aos 34 anos, dona de dois ouros olímpicos e tetracampeão mundial nos 100m, Shelly-Ann Fraser-Pryce não dá sinais de declínio. Pelo contrário. Há 20 dias, a jamaicana cravou 10s63 em um evento pré-olímpico em Kingston, a capital de seu país. A marca a coloca na posição de segunda mulher mais rápida da história, atrás apenas da americana Florence Griffith-Joyner, que registrou 10s49, 10s61 e 10s62 em competições disputadas em 1988.
Nos Jogos do Rio 2016, a Foguete de Bolso — apelido da atleta de 1m52cm — tinha a chance de repetir o feito do compatriota Usain Bolt e conquistar o tricampeonato olímpico na prova mais nobre do atletismo. Mas a jamaicana, que vinha de longa recuperação uma lesão crônica no tendão do pé esquerdo, teve de se resignar com o bronze.
Nas duas temporadas seguintes, afastou-se das pistas para dar à luz ao primeiro filho. Sua volta aos grande palco foi em grande estilo. No Mundial de 2019, em Doha, faturou o ouro nos 100m e no revezamento 4x100m, desfilando na pista com o pequeno Zyon no colo. Apesar de ainda estar no auge, Shelly-Ann já anunciou que deve se aposentar depois do Mundial de atletismo de 2022.
À espera dos veteranos das quadras
Os fãs de tênis estão com os dedos cruzados. Colecionadores de títulos de Grand Slam e ícones das quadras nas últimas duas décadas, Roger Federer e Serena Williams ainda não confirmaram presença em Tóquio. Mas a expectativa, claro, é de que os dois tenistas de 39 anos (o suíço completará 40 no último dia da Olimpíada, e a americana, em setembro) viajem a Tóquio.
Ouro na chave de simples em Londres 2012 e tricampeã em duplas ao lado da irmã Venus, Serena foi reticente em recente entrevista. Atual número 8 do ranking da WTA, a tenista citou restrições sanitárias do Japão e deu a entender que só irá à Olimpíada se puder levar Alexis Olympia, sua filha de três anos.
— Não passo 24 horas sem a minha filha. Acho que isso é um tipo de resposta por si só — disse ela.
Já Federer, que subiu no topo do pódio das duplas nos Jogos de Pequim 2008 e foi prata na chave de simples em 2012, disse há três semanas ter vontade de competir na Olimpíada outra vez — em 2016, não foi ao Rio em razão de uma lesão no joelho esquerdo —, mas que a decisão estará condicionada à situação da pandemia.
— Adoraria disputá-los, mas gostaria que as coisas fossem diferentes no mundo e que nem tivéssemos que debater a ideia de ir ou não jogar. Meu desejo, esperança e sonho é poder competir, mas é uma coisa que deve fazer sentido para mim, minha equipe, meu país e minha família — disse o suíço, que é pai de quatro filhos.