O adiamento dos Jogos Olímpicos de Tóquio-2020 pode se tornar "inevitável", admitiu nesta segunda-feira (23) o primeiro-ministro do Japão, Shinzo Abe, depois que o Comitê Olímpico Internacional (COI) anunciou que considera esta possibilidade ante a pressão de atletas e entidades esportivas.
Os comentários de Abe foram a primeira admissão de que os Jogos de 2020 podem não começar na data prevista, 24 de julho, já que pandemia de coronavírus afeta todo o planeta e provoca um cenário sem precedentes.
Alguns minutos depois das declarações de Abe, os Comitês Olímpico e Paralímpico do Canadá anunciaram que não enviarão equipes aos Jogos caso aconteçam na data prevista, alegando a defesa da saúde de seus atletas e do público em geral.
Da mesma forma, o Comitê Olímpico da Austrália recomendou aos atletas do país que se preparem para disputar os Jogos Olímpicos de Tóquio no verão (hemisfério norte) de 2021.
— Está claro que os Jogos não podem acontecer em julho — declarou o vice-presidente do Comitê Australiano, Ian Chesterman.
Durante semanas, os funcionários do governo do Japão e do comitê organizador dos Jogos afirmaram que os preparativos avançavam para a celebração da Olimpíada de acordo com a agenda programada. Porém, nas últimas semanas aumentou intensamente a pressão das entidades esportivas e dos atletas, que viram seus treinamentos afetados.
Nesta segunda-feira, Abe afirmou ao Parlamento que ainda estava comprometido a organizar Jogos "completos", mas acrescentou:
— Se isto ficar difícil, levando em consideração os atletas em primeiro lugar, pode ser inevitável que tomemos a decisão de adiar (...). Cancelamento (dos Jogos) não é uma opção — disse Abe, repetindo os comentários do presidente do COI, Thomas Bach, que descartou a mudança de data da Olimpíada e disse que isto "não resolveria nenhum problema e não ajudaria ninguém".
Mas o COI também modificou sua posição a respeito dos Jogos e divulgou um comunicado no domingo para anunciar que estava intensificando o planejamento para diferentes cenários, incluindo o adiamento.
A entidade destacou que pretende manter "discussões detalhadas" sobre a situação da saúde mundial e seu impacto nos Jogos Olímpicos, incluindo o cenário de adiamento". A decisão deve acontecer "dentro das próximas quatro semanas", afirmou o Comitê.