O Borussia Dortmund, finalista da Champions League 2023/24, não conta com nenhum brasileiro em seu elenco de atletas. Porém, fora das quatro linhas, o clube alemão possui um trunfo e tanto que nasceu no Brasil e já soma três finais de Champions em seu currículo. Trata-se do preparador físico Marcelo Martins, de 51 anos. Nascido no Rio de Janeiro, o profissional chegou ao Dortmund no início da atual temporada e sonha em superar o poderoso Real Madrid na decisão deste sábado (1º), o que daria a ele o segundo título da maior competição europeia de clubes.
Em entrevista exclusiva à GZH durante esta semana, Marcelo Martins falou sobre a preparação para a grande decisão deste sábado e revelou que colegas de equipe o questionaram sobre a tragédia climática no RS. O profissional ainda destacou a principal diferença entre suas funções no Brasil e na Europa.
Fôlego do Borussia
A função de Marcelo no clube alemão tem sido fundamental ao longo da temporada e será predominante nesta final de Champions. A equipe alemã conta com o trabalho do brasileiro para ter fôlego e tentar superar o Real Madrid, que, na competição, eliminou o Manchester City nos pênaltis e buscou a virada contra o Bayern de Munique na semifinal com dois gols nos últimos minutos da partida.
O Borussia é considerado o azarão desta final, visto que era pouco cotado, inclusive, para passar da fase de grupos. O clube alemão terminou como líder de sua chave, que tinha Milan, PSG e Newcastle United. No mata-mata, eliminou PSV, Atlético de Madri e, por último, PSG — do craque e artilheiro da competição, Kyllian Mbappé.
— Ninguém esperava que passássemos do grupo da morte e muito menos que seríamos os finalistas. O Real é o favorito, esteve em cinco finais da competição nos últimos 10 anos, é um time cheio de estrelas e muita experiência. Vai ser um jogo difícil, mas espero que possamos quebrar essa hegemonia e voltar para casa com com esse título — disse Marcelo, otimista.
Experiência em Champions
Com 16 anos de carreira internacional, o preparador físico brasileiro já tem três finais de Champions — todas com o Bayern de Munique. Depois das derrotas para a Inter de Milão em 2010 e para o Chelsea em 2012, chegou ao tão sonhado título em 2013, vencendo justamente o Borussia Dortmund na final, no Wembley, mesmo palco da decisão deste ano. Então, assim como seu atual clube, campeão da Champions em 1996/97, Marcelo busca o bicampeonato europeu.
Trajetória
O brasileiro chegou ao Bayern em 2007, após ter concluído seu mestrado em Fisiologia do Exercício nos EUA e trabalhado por dois anos na extinta extensão do Chivas Guadalajara, o Chivas-USA.
Marcelo trabalhou também na seleção do Catar e, na Copa de 2014, no Brasil, era um dos preparadores físicos dos Estados Unidos. E em 2016, chegou ao Athletico-PR e ficou no Furacão por três temporadas. Retornou à Europa para trabalhar no Antalyaspor, da Turquia, em 2021. O profissional está atuando no Borussia Dortmund desde julho do ano passado.
Confira entrevista completa
Como o Borussia se preparou para a decisão deste sábado da Champions League?
— Fizemos o último jogo da Bundesliga no dia 18 de maio e, desde então, o foco tem sido na preparação da final. Semana passada, o time pôde começar a trabalhar alguns aspectos táticos, específicos, e fizemos um jogo treino contra o nosso segundo time. Foram feitas muitas reuniões individuais com cada jogador e, a partir desta semana, essas reuniões passaram a ser em pequenos grupos e com todo o elenco. O clima é de seriedade e concentração durante os trabalhos, mas também de descontração e euforia em certas atividades que tornam esse grupo ainda mais unido.
Qual sua expectativa para esta final?
— Acho que em uma final tudo pode acontecer. Ninguém esperava que passássemos do grupo da morte e muito menos que seríamos os finalistas. Já que estamos na final, temos que acreditar e passar essa confiança aos jogadores. Vamos jogar contra o maior ganhador da Champions e precisaremos superar mais esse desafio. O Real é o time favorito, esteve em 5 finais da competição nos últimos 10 anos, é um time cheio de estrelas e muita experiência. Vai ser um jogo difícil, mas espero que no final possamos quebrar essa hegemonia do Real e voltar pra casa com com esse título.
Como sua experiência pode ajudar nesse momento decisivo da história do clube?
— É uma pergunta difícil. Acredito que a experiência de cada um da equipe seja muito importante. Quanto a mim, cabe cobrar seriedade e foco, mantendo as rotinas de trabalhos. No mais, sempre que possível, em conversas individuais, tento ajudar eles a encararem esse jogo como o mais importante de suas carreiras.
Seguirá no Borussia para a próxima temporada? Quais são os seus próximos objetivos profissionais?
— Tenho mais dois anos de contrato com o Borussia. Gostaria de continuar na Europa por mais alguns anos e, em algum momento, poder voltar para o Brasil.
Quais as principais diferenças dos métodos de preparação aqui no Brasil e aí na Europa?
— Pra ser sincero, não vejo muitas diferenças com relação a métodos de preparação, mas uma diferença importante está relacionada ao papel do preparador físico. Aí no Brasil os preparadores são quase auxiliares técnicos e aqui na Alemanha isso não acontece.
Neste momento, é inevitável lhe perguntar sobre como vocês estão vendo daí a tragédia climática no RS. Há comentários entre seus colegas sobre os acontecimentos?
— Realmente é uma tragédia, não só pelo número de mortos como também pela quantidade de pessoas desabrigadas e afetadas. É muito triste ver a situação caótica e o sofrimento que milhares de famílias estão enfrentando. Algumas pessoas do time vieram me perguntar sobre essa situação. Qualquer um que acompanhe as notícias internacionais tem visto o que está acontecendo e se solidariza.
Os jogadores e a comissão técnica conhecem o futebol gaúcho? Comentam algo sobre?
— Até o momento não cheguei a conversar sobre o futebol gaúcho, mas tenho certeza que muitos conhecem. O Rio Grande do Sul tem dois gigantes do futebol brasileiro com importantes títulos de Libertadores, Sul-Americana e até Mundial. Não tem como não conhecer!
Produção: Leonardo Bender