Os Jogos Parapan-Americanos foram encerrados neste domingo (26), em Santiago, no Chile, e pela quinta vez consecutiva, o Brasil liderou o quadro de medalhas. No total, os atletas do país conquistaram 343 medalhas, com 156 ouros, 98 pratas e 89 bronzes. A segunda colocação ficou com os EUA (52 ouros, 54 pratas e 50 bronzes), seguidos pela Colômbia (46 ouros, 56 pratas e 50 bronzes).
A campanha brasileira na capital chilena foi a melhor de uma delegação em Parapans. Esta foi a terceira vez que o líder do quadro de medalhas terminou com mais de 300 pódios. O recorde era do próprio Brasil, com 308, nos Jogos de 2019 em Lima, superando os 307 do México, na edição de 1999 realizada na Cidade do México.
O Brasil ainda quebrou o recorde de medalhas de ouro. As 156 conquistas de Santiago superaram as 124 de Lima.
— O resultado foi extraordinário. Sabíamos que era um grande desafio fazer uma campanha melhor do que Lima, mas nossa delegação superou todas as marcas de todos os tempos. Tivemos uma participação muito importante nos Jogos, com atletas jovens – 40% deles disputaram a competição pela primeira vez. Mais de 100 medalhas foram conquistadas por jovens. Realmente uma competição espetacular. Saímos daqui muito orgulhosos e muito emocionados com esse feito extraordinário dos nossos grandes atletas — avalia Mizael Conrado, presidente do Comitê Paralímpico Brasileiro (CPB), bicampeão paralímpico de futebol de cegos (Atenas 2004 e Pequim 2008) e eleito melhor jogador do mundo em 1998, sobre o desempenho dos atletas brasileiros no Parapan de Santiago.
Neste último dia de competição, os brasileiros ainda conquistaram cinco ouros e seis pratas. A primeira medalha dourada veio com a brasiliense Daniele Souza no badminton, que venceu a peruana Jaquelin Javier na classe WH1 (cadeira de rodas) do badminton.
Outras duas finais do badminton foram 100% brasileiras. Nas duplas mistas das classes SL3 (pessoas com deficiência nos membros inferiores que andam) e SU5 (pessoas com deficiência nos membros superiores), a paranaense Edwarda Dias e o paulista Rogério Oliveira, que são noivos, conquistaram o ouro após vencerem a paulista Adriane Ávila e o sul-mato-grossense Yuki Roberto.
— É uma vitória que a gente estava trabalhando muito para conseguir devido a pontuação para a classificação para Paris. Isso nos deixa muito mais próximos do sonho, que é ter uma vaga nos Jogos de Paris 2024. É uma alegria imensa estar em um evento tão grande como esse, ter o apoio do CPB, que é um Comitê incrível que nos apoia e nos acolhe de um jeito que eu nunca imaginei na minha vida. É inacreditável, é só alegria e satisfação fazer parte desse time maravilhoso — comentou Rogério, que sofreu um acidente em uma escola, aos oito anos, quando caiu de um muro e fraturou o fêmur direito, o que causou um encurtamento de 8 cm no membro.
O brasiliense Marcelo Conceição ficou com o ouro após vencer o paulista Rodolfo Cano, que ficou com a prata, na classe WH1 (cadeira de rodas).
Ainda no badminton, a sergipana Maria Gilda Antunes encarou a peruana Pilar Cancino, pela decisão da classe WH2 (cadeira de rodas), e ficou com a medalha de prata. O paranaense Vitor Tavares foi derrotado pelo norte-americano Miles Krajewski na disputa do ouro da classe SH6 (baixa estatura). O paulista Júlio César Godoy conquistou a medalha de prata depois de ser derrotado pelo chileno Jaime Urrutia, na classe WH2 (cadeiras de rodas).
Ciclismo encerra campanha com dois ouros e uma prata
No ciclismo, a paranaense Jady Malavazzi venceu a prova de estrada, registrando um tempo de 1h32min42s e ficando com a medalha de ouro. A prata foi para a norte-americana Sophia Brim (1h38min48s), o bronze para a também norte-americana Jenna Rollman (1h38min49s). Outras brasileiras na disputa, Mariana Garcia terminou em quarto lugar (1h38min49s) e Josiane Nowacki em quinto (1h39min29s).
— Era um grande objetivo, um grande sonho. Em uma prova pode acontecer muitas coisas, mas eu vim com tudo e fico feliz demais de voltar para casa com as minhas duas filhas [medalhas de ouro e prata]. Elas vão para a minha equipe com certeza, é muita gente trabalhando, eu sou a pessoa que está lá, mas tem um monte de gente por trás disso — disse Jady Malavazzi, que perdeu o movimento das pernas aos 13 anos de idade, depois de um acidente de carro.
A paulista Bianca Canovas Garcia, que ficou com o ouro na prova individual contrarrelógio da classe B2 (limitação visual), ao lado da piloto, a paranaense Nicolle Borges, conquistou mais uma medalha dourada no ciclismo estrada após fazer um tempo de 2h06min36s. A prata ficou com a argentina Maria Agustina Cruceño ao lado da piloto Mayra Valentina Tocha (2h10min49s), e o bronze com a também argentina Maria José Quiroga (2h13min06s).
Na prova de estrada da classe C4-5 (deficiência físico-motora e amputados), o paulista Lauro Chaman ficou com a medalha de prata após registrar um tempo de 1h48min58s. O ouro foi para o colombiano Carlos Vargas (1h48min58s), e o bronze ficou com o dominicano José Rodríguez (1h52min05s).
Show nas piscinas e nas pistas
A natação foi a modalidade que mais obteve pódios durante a participação do Brasil no Parapan de Santiago, com 120 medalhas no total, sendo 67 de ouro, 30 de prata e 23 de bronze, seguida do atletismo, com 83 pódios, sendo 34 de ouro, 27 de prata e 22 de bronze.
Na cerimônia de encerramento, o porta-bandeira do Brasil foi o paulista do taekwondo Nathan Torquato, que conquistou a medalha de ouro na categoria até 63 kg.
É uma alegria muito grande. É até difícil de descrever a emoção que isso me proporciona, estar representando um país inteiro, todos os atletas paralímpicos
— É uma alegria muito grande. É até difícil de descrever a emoção que isso me proporciona, estar representando um país inteiro, todos os atletas paralímpicos— disse Nathan, que nasceu com uma má-formação no braço esquerdo.
A próxima edição do Parapan acontecerá em 2027, em Barranquilla, na Colômbia.