O judô brasileiro começa neste sábado (28), às 10h, sua campanha nos Jogos Pan-Americanos de Santiago. Com a maior delegação da modalidade, com 18 atletas, o Brasil tem nos tatames a esperança de avançar no quadro geral de medalhas, no qual ocupa a quarta posição.
Com uma seleção praticamente completa, o Brasil entra na competição como favorito, já que trouxe ao Chile nomes como a campeã olímpica e mundial Rafaela Silva, os medalhistas olímpicos e mundial Daniel Cargnin e Rafael Silva, a medalhista olímpica Ketleyn Quadros e Beatriz Souza, dona de três pódios em mundiais.
Na sexta-feira (27), foi realizado o sorteio das chaves, e alguns cruzamentos contra rivais de maior tradição poderão ser antecipados.
O grande nome deste primeiro dia será Rafaela Silva. Campeã olímpica no Rio em 2016 e bicampeã mundial do leve (57 kg), a carioca de 31 anos irá em busca de sua primeira medalha de ouro pan-americana. Em 2011, ela foi prata e em 2015 ficou com o bronze. Em 2019, no Peru, ela foi campeã, mas perdeu seu resultado por testar positivo em exame antidoping e buscará quebrar o jejum brasileiro que vem desde o Pan do Rio em 2007, quando Danielle Zangrando foi campeã.
— Eu dou a mesma importância para todas as competições que luto, sejam Olimpíadas, Mundiais, Jogos Pan-Americanos ou Estadual. É sempre importante estar representando meu país da melhor maneira possível. Minhas expectativas são muito boas para Santiago, acredito que essa experiência de vila, backnumber diferente e tatame sobre o tablado é uma boa experiência pensando em Paris 2024—aponta a atual número 4 do ranking mundial.
No ligeiro (48 kg), Alexia Nascimento (68ª) irá estrear diante da venezuelana María Giménez (69ª) e se avançar pegará a argentina Keisy Perafán (39ª). Do outro lado da chave estará Amanda Lima, 22ª do mundo, que entrará direto nas quartas de final contra a equatoriana Luz Peña, 78ª. Na história dos Jogos, nessa categoria, o Brasil só conquistou o ouro em 1987, em Indianápolis, com Mônica Angelucci.
A terceira brasileira a competir no sábado será Larissa Pimenta nos 52 kg. Campeã no Pan de Lima no peso meio-leve, ela tentará o bicampeonato, o que a igualaria a cubana Legna Verdecia, única a vencer duas vezes na categoria, em Mar del Plata-1995 e Winnipeg-1999. Décima do mundo, ela fará sua estreia contra a vencedora do confronto entre a chilena Judith González (115ª) e a equatoriana Aracely Barrionuevo, 110ª do mundo.
Entre os homens, o ligeiro (60 kg) Michel Augusto buscará conquistar o sexto título brasileiro na história do Pan. Número 61 do ranking, ele começará direto nas quartas de final. Seu adversário sairá do duelo entre José Ramos (123º), da Guatemala, mas que compete sob a bandeira dos Estados Independentes por conta de uma punição ao comitê nacional de seu país, e o salvadorenho Jairo Moreno, 119º da classificação mundial.
O Brasil tem bastante tradição nos 60 kg, categoria em que foi campeão com Luis Shinohara (1979), Sérgio Pessoa (1987), Shigueto Yamasaki (1991), Felipe Kitadai (2011) e Renan Torres (2019), além de ter conquistado mais três pratas e dois bronzes.
Ainda no sábado, Willian Lima vai em busca de recuperar o domínio brasileiro no meio-leve (66 kg). Após o tricampeonato de João Derly, Leandro Cunha e Charles Chibana, entre 2007 e 2015, o país ficou com uma prata em 2019 com Daniel Cargnin, que se tornaria medalhista olímpico em Tóquio e aqui no Chile compete em sua nova categoria, o peso leve (73 kg).
— O que me motiva a lutar nessa competição é saber que fui prata em Lima 2019. A carreira é curta, e eu quero um título de Jogos Pan-Americanos para somar com os outros que já conquistei. É um desafio novo, um clima diferente. Infelizmente, não conta ponto para os Jogos Olímpicos, mas é muito importante para a carreira de qualquer atleta —garante Daniel, quinto do mundo e que irá lutar no domingo (29) contra o argentino Matteo Etchechury (86º).
Gabriel Falcão também vai competir no leve e seu primeiro rival será o norte-americano Jack Yonezuka, 26º do mundo. Na categoria, o Brasil foi campeão em três oportunidades, a última em 2011 com Bruno Mendonça.
Além de Cargnin, o domingo ainda terá mais duas judocas da Sogipa em ação. No meio-médio (63 kg), a medalhista de bronze em Pequim-2008 e atual 12ª do ranking, Ketleyn Quadros, irá fazer sua primeira participação em Jogos Pan-Americanos. Aos 36 anos, ela busca a segunda de ouro do Brasil na categoria, desde a vitória de Vânia Ishii em Winnipeg-1999.
— É muito legal o esporte proporcionar a uma atleta com uma bagagem igual a minha a oportunidade de lutar os Jogos Pan-Americanos pela primeira vez. Você nunca envelhece, está sempre aprendendo e vivendo experiências novas. Eu amo os processos que o judô me proporciona, e essa oportunidade é criada com muito investimento, suor e pessoas envolvidas. O Pan é mais uma surpresa agradável para minha jornada no esporte e quero vivê-lo intensamente — diz Ketleyn, que começará nas quartas de final contra a vencedora do confronto entre a norte-americana Sara Golden (58ª) e a dominicana Ariela Sánchez, 126ª na classificação mundial.
Bronze em Lima nos 63 kg, a gaúcha Aléxia Castilhos (75ª) agora compete nos 70 kg e tentará manter a tradição do clube no peso médio, onde Mayra Aguiar (2007) e Maria Portela (2011 e 2015) foram bronze, assim como a paulista Vãnia Ishii em 1995, em Mar del Plata.
Uma das apostas do Brasil para Paris, o meio-médio (81 kg) Guilherme Schmidt, de apenas 22 anos, e que ocupa o terceiro lugar no ranking mundial, entra como favorito ao ouro. Sua estreia se dará nas quartas de final, diante do vencedor da luta entre o norte-americano Kell Berliner (82º) e o canadense David Popovici (175º). Nesta categoria, o Brasil tem quatro ouros, o último deles em Lima com Eduardo Yudy.
A segunda-feira (30) terá as cinco últimas categorias, três masculinas e duas femininas. No pesado feminino (+78 kg), Beatriz Souza, sexta do ranking, irá em busca do primeiro título brasileiro nesta categoria.
— A gente já está planejando e montando toda a tática de luta contra as adversárias da chave. Estudei todas elas e sei o que preciso fazer. Estou muito bem preparada, fizemos uma excelente preparação antes de vir pra cá — comenta Bia, que foi bronze em 2019 e que na estreia vai enfrentar a chilena Katherine Quevedo, 107ª do mundo.
Com a ausência da tricampeã mundial, dona de três bronzes olímpicos e atual campeã do Pan, Mayra Aguiar, caberá a Eliza Ramos e Samanta Soares representar a seleção no meio-pesado (78 kg). Melhor ranqueada entre as duas, em 49º, Samanta só vai lutar a partir das quartas de final. Sua rival sairá do confronto entre a nicaraguense Keyra Ortiz (204ª) e a cubana Lianet Cardona (68ª).
Eliza é a 181ª do mundo e vai começar na primeira rodada contra a porto-riquenha Sairy Colón, 77ª colocada. Se passar pegará a peruana Camila Figueroa, 56ª, e uma da favoritas ao título.
Na segunda, a Sogipa terá mais dois judocas competindo, o meio-pesado (100 kg) Leonardo Gonçalves, 23º do ranking da Federação Internacional de Judô (IJF), e o médio (90 kg) Rafael Macedo, oitavo. Os dois só irão lutar nas quartas de final.
Leonardo terá pela frente quem passar entre o peruano Daryl Yamamoto (93º) e o cubano Leister Cardona (76º). Nesta categoria, o Brasil tem seis títulos, dois deles com Luciano Corrêa, ouro em Guadalajara-11 e Toronto-15, exatamente a última vitória brasileira.
Ainda neste peso, Kayo Santos (127º) vai competir já na primeira rodada. Seu adversário será mexicano Alexis Esquivel (110º). Se passar vai topar com o colombiano Francisco Balanta, 48º do ranking.
Já Rafael aguarda quem passar entre o venezuelano Carlos Párez (143º) e o chileno Daniel Arancibia (137º). A equipe brasileira tem grande tradição no médio com cinco títulos em oito finais, incluindo um tricampeonato de Tiago Camilo (2007-11-15). Em 2019, o cubano Iván Felipe Silva foi o campeão e, no Chile, buscará o bi.
— Bem equilibradas as chaves. Teremos algumas antecipações de finais. O Leo (Gonçalves) pode enfrentar o canadense Shady El Nahas nas quartas e o Baby (Rafael Silva) pegar o cubano Andy Granda nas quartas. São grandes duelos. No papel, seriam as duas finais. O peso ligeiro masculino é nivelado, o meio-leve podemos chegar à final, o Cargnin tem um adversário chato, e o (Guilherme) Schmidt e o (Rafael) Macedo devem pegar dominicanos nas semifinais. E no feminino, a Idalys e a Bia devem se enfrentar antes da final— comenta Antônio Carlos Pereira, o Kiko, técnico da Sogipa e da seleção brasileira masculina.
O último dia de competições do judô será a terça-feira (31) quando ocorrerá a disputa por equipes mistas. Cabeça de chave número 1, o Brasil irá estrear nas quartas de final contra o vencedor de Estados Unidos e Venezuela.
Confira as datas e horários do judô no Pan:
Sábado (28) - 60 e 66 kg masculino e 48, 52 e 57 kg feminino
Domingo (29) - 73 e 81 kg masculino e 63 e 70 kg feminino
Segunda-feira (30) - 90, 100 e + 100 kg masculino e 78 e +78 kg feminino
Terça-feira (31) - Equipes mistas
* As preliminares começam às 10h e as finais serão disputadas a partir das 15 horas.
Veja quem são os atletas brasileiros em Santiago:
Masculino:
60kg - Michel Augusto (Sesi-SP)
66kg - Willian Lima (Pinheiros-SP)
73kg - Daniel Cargnin (Sogipa-RS)
73kg - Gabriel Falcão (Instituto Reação-RJ)
81kg - Guilherme Schimidt (Minas Tênis Clube-MG)
90kg - Rafael Macedo (Sogipa-RS)
100kg - Leonardo Gonçalves (Sogipa-RS)
100kg - Kayo Santos (Minas Tênis Clube-MG)
+100kg - Rafael Silva (Pinheiros-SP)
Feminino:
48kg - Aléxia Nascimento (Pinheiros-SP)
48kg - Amanda Lima (Minas Tênis Clube-MG)
52kg - Larissa Pimenta (Pinheiros-SP)
57kg - Rafaela Silva (Flamengo-RJ)
63kg - Ketleyn Quadros (Sogipa-RS)
70kg - Luana Carvalho (Umbra/Vasco da Gama-RJ)
70kg - Aléxia Castilhos (Sogipa-RS)
78kg - Eliza Ramos (Flamengo-RJ)
78kg - Samanta Soares (Instituto Reação-RJ)
+78kg - Beatriz Souza (Pinheiros-SP)