O primeiro ouro do boxe brasileiro nos Jogos Pan-Americanos de Santiago veio pelas mãos de Bia Ferreira. A baiana, que completará 31 anos em dezembro, confirmou sua condição de favorita e venceu a colombiana Angie Valdés na final da categoria até 60kg, nesta sexta-feira (27), no Centro de Treinamento Olímpico do Chile.
Desde a estreia, contra a mexicana Esmeralda Falcón, passando pelos combates contra a costa-riquenha Pamela Sánchez e a americana Jajaira González, Bia mostrou sua superioridade e um boxe agressivo, subjugando as rivais. Na disputa pelo ouro, o quadro não se alterou e ela não deu chances para Angie Valdés, vice-campeã mundial da categoria, quando perdeu justamente para a brasileira.
Bia fez uma luta cautelosa no primeiro round, quando venceu por 3 a 2 na contagem dos juízes, mas depois tomou conta da luta e repetiu a conquista de quatro anos atrás em Lima. De quebra, ainda deixará a capital chilena com uma vaga assegurada para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024, onde tentará a medalha de ouro, que escapou em Tóquio.
— Essa era a estratégia, deixar ela confiante e vir pra cima, pra se expor mais. Sabia que seria uma luta bastante estudada, arriscada e foi proposital não me arriscar. A ideia era "me fazer de morta" e deixar ela vir pra cima, pra contragolpear. Essa é minha força, usar os contragolpes e minha potência. Deu certo como foi planejado e o objetivo foi alcançado. No segundo e terceiro round eu estava me divertindo bastante — declarou Bia, que garantiu que este é seu último ciclo olímpico, já que deverá se dedicar apenas às lutas profissionais após o término dos Jogos de Paris.
Tatiana Chagas leva virada e fica com a prata
Em uma luta em que conseguiu surpreender a colombiana Yeni Arias, atual vice-campeã mundial, quando venceu os dois primeiros rounds, Tatiana Chagas acabou sentindo o desgaste no terceiro assalto e sofreu a virada. A decisão final dos árbitros apontou 3 a 2 para Arias, que em 2019 havia sido bronze no Pan de Lima. Com a derrota, ela ficou com a medalha de prata, além da vaga em Paris.
—No terceiro round eu perdi pro cansaço. Ela estava bem mais preparada. Mas esta não será a última vez que vamos nos enfrentar. Não fique feliz porque não levei o ouro, mas me dá mais vontade de treinar e me dedicar mais — comentou a baiana.
Keno Marley é dominado por bicampeão olímpico
Em uma revanche da final da categoria até 81kg do Pan de Lima, o brasileiro Keno Marley voltou a ser derrotado pelo cubano Julio Cesar la Cruz, dono de cinco títulos mundiais e bicampeão olímpico, sendo ouro dos 81kg no Rio-2016 e dos 91kg em Tóquio-2021.
Apesar de todo o esforço do baiano, que até equilibrou o segundo round e teve leve vantagem, La Cruz mostrou sua força e, aos 34 anos, conquistou sua quarta medalha de ouro pan-americana, sendo que as três anteriores foram vencidas nos 81kg.
— Fiquei feliz em repetir essa final com o Julio la Cruz. Quem o conhece, sabe bem a história dele. Todos viram a intensidade que foi a luta, com o resultado dividido (4 a 1). Isso mostra que estou no caminho certo, que a Era Keno Marley vai longe — disse o lutador de 23 anos.
Lesionados, dois brasileiros não disputarão finais
A sexta-feira ainda teve o anúncio de duas desistências de brasileiros que estavam classificados para disputar finais. Michael Douglas não enfrentará o dominicano Yunior Alcantara na disputa do ouro dos 51kg e Abner Teixeira não irá encarar o americano Joshua Edwards na categoria acima de 92kg.
Os dois brasileiros não irão disputar as finais por conta de antigas lesões, que voltaram a sentir durante o Pan. Michael tem uma lesão no braço e Abner, no ligamento cruzado do joelho direito. Desta forma, mesmo que as medalhas de ouro fossem importantes na disputa por posições no quadro final, a opção foi por não agravar as lesões, já que os dois atletas conquistaram vagas para os Jogos Olímpicos com as campanhas em Santiago.