Morreu, na última quinta-feira (21), aos 43 anos, a ex-jogadora da seleção brasileira de vôlei Walewska Oliveira. Ela foi campeã olímpica nos Jogos de Pequim em 2008 e estava aposentada desde a temporada 2021/2022, ao término do Sul-Americano de vôlei, em Uberlândia. A ex-atleta estava em São Paulo para participar da gravação de um podcast para contar a sua trajetória no esporte e divulgar o lançamento de seu livro. O boletim de ocorrência foi divulgado nesta sexta-feira (22) pela Secretaria de Estado da Segurança Pública de São Paulo. A polícia diz que ela caiu do 17º andar e investiga as circunstâncias.
Natural de Belo Horizonte, Walewska começou a sua carreira profissional no vôlei em 1995, atuando pelo Minas Tênis Clube, equipe na qual ficou até 1998, quando foi convocada pelo técnico Bernardinho pela primeira vez para a seleção brasileira.
A jogadora conquistou a medalha de ouro com a seleção brasileira nos Jogos Pan-Americanos de Winnipeg, no Canadá, em 1999. No ano seguinte, a central ajudou o país a ficar com o bronze na Olimpíada de Sydney, em 2000. Depois de um período longe da seleção, ela voltou a ser convocada por José Roberto Guimarães e fez parte do time que ficou com o quarto lugar nos Jogos de Atenas, em 2004.
Walewska viveu seu grande momento no esporte no ano de 2008, quando conquistou o tricampeonato do Grand Prix de vôlei (antigo nome da Liga das Nações) e foi um dos destaques da seleção brasileira na campanha da medalha de ouro nos Jogos de Pequim, em 2008. Walewska se despediu da Seleção em 2013, com o título da Copa dos Campeões.
Thaísa, companheira de Walewska em Pequim, e que está com a Seleção na disputa do Pré-Olímpico, revelou a tristeza no grupo de atletas.
— Está doendo muito. Sabíamos que tínhamos que disputar esse jogo (derrota para a Turquia), nos juntamos e deixamos para chorar depois da partida. Foi difícil conter as lágrimas na nossa oração de pré-jogo. Agora vamos sentir esse luto. Quando cheguei na seleção, a Wal era uma das mais experientes. Aprendi muito com a postura dela. A Wal foi um espelho pela educação, o charme e a resiliência. Ela representou o Brasil lindamente. O esporte perde um grande ícone, uma representante de muito amor pelo voleibol.
Para o técnico Zé Roberto, a seleção atual herdou ensinamentos de Wal:
– Ela vai deixar muita saudade para essa meninas, que jogaram com ela, participaram com ela de várias etapas e jornadas. E vai deixar o exemplo para estas meninas mais novas sobre o significado de ser uma grande atleta.
Bernardinho, que também foi técnico da seleção feminina, disse não acreditar no episódio:
– É uma menina que eu vi se transformar em uma mulher incrível. Uma pessoa com uma energia lá em cima, dentro de quadra uma guerreira, amiga... Sempre demonstrou um carinho enorme com todos, aquele abraço que acolhia a todos. Uma aspirante que se tornou uma campeã.
Além do Minas Tênis Clube, a jogadora atuou por Rio de Janeiro, São Caetano, Perugia, Murcia, Odintsovo, Vôlei Futuro, Campinas, Praia Clube e Osasco. Ela foi duas vezes campeã da Superliga Brasileira, três vezes da Supercopa e uma vez do Troféu Super Vôlei e do Campeonato Mineiro.
LANÇAMENTO DO LIVRO
Walewska estava em São Paulo para gravar um podcast nesta quinta-feira sobre sua carreira no vôlei e divulgar seu livro, contando sua trajetória na carreira. Durante sua passagem por São Paulo, Walewska esteve no centro de treinamento do Palmeiras e se encontrou com o técnico Abel Ferreira. Na oportunidade, a jogadora e o treinador trocaram seus livros e tiveram um momento de conversa sobre esporte e vida, carreira e gestão.
— Quando me disseram (de sua morte), eu não acreditei. Não vale a pena me chatear com o futebol, vários treinadores me disseram isso. Tem de aprender a desfrutar e dar o seu melhor. A verdade é que estamos na fila. Mesmo sem saber quando é a nossa vez, mas estamos todos na fila. Não vale a pena. Temos que ser gratos e eu sou grato por tudo. Quando recebo uma notícia dessas, te faz pensar sobre o significado da vida. Nestes momentos em que falamos da morte, pensamos e questionamos qual é a missão quanto homem, pessoa, cidadão. É duro. Tive uma oportunidade em particular com ela e foi espetacular. Tivemos uma hora e ela foi espetacular. Ela era capitã da equipe e foi extraordinária — disse Abel Ferreira ao ser questionado sobre o ocorrido em sua coletiva após a derrota para o Grêmio em jogo em Porto Alegre
Nas redes sociais, a Confederação Brasileira de Vôlei (CBV) publicou uma nota de pesar lamentando a morte da jogadora.
— Waleska era uma jogadora especial, sua trajetória no esporte será para sempre lembrada e reverenciada — disse o presidente da CBV, Radamés Lattari.
O Praia Clube, equipe profissional de vôlei feminino de Uberlândia, Minas Gerais, onde Walewska foi capitã e campeã da Superliga 17/18 e do Sul-Americano 2021, também declarou pesares.
— O vôlei brasileiro e a comunidade esportiva perderam uma verdadeira lenda. Que sua memória e legado continuem a brilhar como uma fonte de inspiração para as gerações futuras.