O técnico Fernando Diniz conseguiu 100% de aproveitamento na arrancada das Eliminatórias para a Copa do Mundo de 2026. Da empolgante goleada sobre a Bolívia na estreia, em Belém, para uma vitória no sufoco contra o Peru, em Lima, o treinador mostrou seus primeiros traços na Seleção Brasileira, que mantém ainda parte da estrutura dos tempos de Tite.
A grande expectativa criada antes da estreia de Diniz estava no quanto ele iria colocar do seu estilo em prática. Como explicado em análise tática anterior de GZH, o treinador é adepto de um jogo de aproximações, que visa movimentar seus atletas em torno da bola e não do espaço do campo, como a maior parte dos jogadores da Seleção Brasileira está acostumada a atuar no futebol europeu. Tite também tinha a movimentação com espaço como referência no ciclo do Mundial do Catar.
Partidas com cenários diferentes
Equipe que se mostrou mais frágil nestas duas primeiras rodadas das Eliminatórias — prova disso foi a goleada sofrida para a Argentina mesmo com o fator altitude a seu favor —, a Bolívia pouco agrediu o Brasil em Belém. Com liberdade para iniciar as jogadas e chegar ao campo de ataque, a Seleção Brasileira teve em muitos momentos uma forma de atacar semelhante ao que fazia Tite.
Com os pontas Raphinha e Rodrygo bem abertos na amplitude, o Brasil habitualmente atacava colocando cinco homens contra a última linha boliviana. A saída seguiu sendo feita com três homens com o lateral-esquerdo Renan Lodi tendo liberdade para aparecer por dentro na construção das jogadas, tudo muito parecido com o que Tite apresentou durante as últimas Eliminatórias e na Copa do Mundo.
Taticamente, o Brasil esteve montado no 4-2-3-1 como sistema base. Sem a bola, defendeu com duas linhas de quatro com Neymar e Richarlison à frente delas. Com posse, a estrutura buscou formar um 3-2-5 na fase ofensiva.
Os posicionamentos do Brasil:
Fernando Diniz mostrou algumas adaptações. Tendo como base uma estrutura ofensiva que manteve o ataque posicional de Tite, o Brasil apresentou momentos nos quais juntou muitos jogadores no setor da bola, como no lance do segundo gol, marcado pelo gaúcho Raphinha. No final das contas, o Brasil goleou a Bolívia por 5 a 1 sem encontrar muita resistência.
Marcação alta e dificuldades contra o Peru em Lima
Depois de golear a Bolívia, o Brasil encarou diante do Peru um adversário que impôs dificuldade para a saída de bola de Fernando Diniz, algo que tanto gera debate. Com marcação adiantada, a seleção peruana não permitiu que a Seleção Brasileira tivesse tranquilidade para sair de trás no primeiro tempo.
O cenário fez Ederson ser bastante acionado. O goleiro deu 24 passes ao longo do primeiro tempo, sendo o quarto jogador brasileiro nesse quesito. Contra a Bolívia, Ederson havia participado do jogo com apenas 15 passes nos primeiros 45 minutos, sendo o terceiro jogador menos acionado. Apenas Renan Lodi (8) e Richarlison (4) tocaram menos na bola que ele na primeira etapa da partida no Mangueirão.
Talvez pelo pouco tempo de treinamento ou mesmo pela confiança de entrar jogando em bolas longas, o Brasil em muitos momentos do tempo inicial abriu mão da saída curta. Os dois gols anulados por impedimento vieram após saídas assim.
O começo do segundo tempo foi de maior dificuldade ainda com o Brasil sequer achando o jogo nos passes longos. A situação mudou a partir das primeiras mudanças de Diniz. O cansaço peruano também contribuiu para isso.
Com Gabriel Jesus no lugar de Richarlison, a Seleção ganhou maior capacidade de vencer duelos para ocupar o campo de ataque. Ao ter a bola na fase ofensiva, as movimentações em torno da bola apareceram com Rodrygo se destacando. O atacante não ficou preso à ponta, como contra a Bolívia, apareceu por dentro e também pela direita. Os mapas de calor das duas partidas mostram as diferenças nas movimentações do atacante do Real Madrid.
A vitória brasileira veio nos minutos finais a partir de um escanteio batido por Neymar e definido em cabeceio de Marquinhos. Foram três pontos conquistados com dificuldades em jogo no qual a Seleção Brasileira de Diniz não conseguiu repetir a empolgação da estreia, algo que pode ser considerado natural em um começo de trabalho ainda com poucas sessões de treinamento.
Diniz agora voltará para o Fluminense com a semifinal da Libertadores contra o Inter como foco principal. Em outubro, Venezuela e Uruguai serão os rivais brasileiros. O jogo em Montevidéu deverá representar o primeiro grande teste da nova Seleção Brasileira, que aos poucos vai ganhando a "cara" do treinador, mas ainda tem as marcas de Tite.
Os números dos jogos do Brasil
Contra a Bolívia
- 5 gols marcados
- 1 gol sofrido
- 80% de posse de bola
- 21 finalizações a favor (11 no alvo)
- 4 finalizações contra (3 no alvo)
Contra o Peru
- 1 gol marcado
- 0 gol sofrido
- 62% de posse de bola
- 9 finalizações a favor (3 no alvo)
- 6 finalizações contra (0 no alvo)
Fonte: Sofacore