A busca por uma contratação de impacto fez o Pelotas chegar a Walter, campeão da Libertadores pelo Inter. Depois de disputar o Campeonato Pernambucano pelo Afogados de Ingazeira, o centroavante de 33 anos aceitou o proposta do áureo-cerúleo para disputar a Divisão de Acesso e a Copa FGF.
Com o desafio de alcançar o condicionamento físico ideal para corresponder às expectativas, o jogador recebe cuidados especiais do departamento médico do clube e já esteve em três partidas — sempre saindo do banco. Em campo, a meta é recolocar o Pelotas na Série A do Gauchão e garantir uma vaga na Copa do Brasil do ano que vem. Veja entrevista com ele.
Já são três jogos. Contra o Novo Hamburgo, jogando por mais tempo. Como está tua adaptação ao Pelotas?
Cada vez mais melhorando mais. Entrando mais nos jogos, tendo mais tempo para jogar, para mostrar minha qualidade que jogar futebol. Não estou 100%, mas já estou muito melhor do que cheguei, entendeu? Estou 7kg abaixo do que quando cheguei, para mim já é melhorar muito. O Pelotas está me dando uma estrutura bacana, com um projeto bacana. Estou me cuidando cada vez mais. É uma continuidade que eu quero dar na minha vida. E agradecer muito pelo carinho de todos, é muito bom você chegar no time e ser bem tratado. Aqui, graças a Deus, sou muito bem tratado, as pessoas me respeitam.
A sua carreira é marcada por muitas batalhas. Hoje, por quem você batalha?
Gosto muito de jogar futebol. Futebol é minha vida. Pode ter certeza de que, se eu não gostasse de jogar futebol, fosse só por dinheiro, não estava mais. O futebol mudou a minha vida totalmente, sou muito grato. Brigo loucamente pela minha mãe e pela minha filha, que precisam de mim. Além das pessoas que gostam de mim. Têm pessoas que nem conheço que torcem por mim. Isso é muito bom. É um carinho muito grande. Já teve um momento em que eu parei quase seis meses e muita gente me pediu para voltar.
A sua chegada teve grande reconhecimento da torcida e houve também um grande envolvimento da cidade. Como foi ser recebido desta forma?
Acho que é meu jeito de ser. É simples, não preciso puxar saco de ninguém, nunca precisei na minha vida. É meu jeito que faz as pessoas gostarem de mim, torcerem por mim. Moro aqui perto e vou andando para casa. Sempre passa alguém por mim para dar apoio. "Bora, Walter, vamos lá, vamos lá!". Tenho de dar o meu melhor dentro do campo para essas pessoas.
Isso é uma motivação para seguir jogando?
Sem dúvida. Tem vezes que a gente escuta muito as coisas negativas e esquece das boas, que são muitas. Duas pessoas falam algo negativo e a gente escuta, mas tem 10 falando coisas boas e a gente não escuta, entendeu? Minha vida sempre foi isso: batalha, luta e nunca fugir. Aqui não vai ser diferente.
O que você evoluiu nestes dois meses em Pelotas?
São dois meses muito difíceis. Fiquei muito tempo sem estar jogando no Sul e sentindo frio no treino. Teve um momento que eu falei: cara, será que eu vou aguentar? E aí começou a dor no joelho, que sempre me incomoda. Por isso agradeço ao DM que cuida muito bem de mim. Melhorando mais a minha parte física, também vai ajudar.
Já vimos você tendo um gol anulado, cobrando faltas e articulando jogadas. Qual a limitação de movimentos que ainda tens?
Quando cheguei, estava meio durão. Já perdi 7kg, mas ainda falta muito. Não sou um atacante paradão, só um cara que sai bastante da área e deixa os companheiros para fazer o gol. Sempre joguei acima do meu peso, mas não tanto. Aos poucos vou melhorar para o professor me usar cada vez mais.
Você já falou sobre subir o Pelotas e quem sabe encerrar a carreira no Gauchão do ano que vem. Os próximos jogos, que podem definir a classificação do time, são uma contagem regressiva para tua carreira?
Sem dúvida. Vim para ajudar, não passear. Só que, na condição que eu estava, não dava para jogar. Primeiro joguei 15 minutos e fui mostrando que posso ajudar. Ainda não estou pronto para jogar uns 45 minutos. Há o risco de me machucar, que pode atrapalhar mais ainda. Mas fico sossegado sobre isso, pois temos dois atacantes muito bons. Faltam mais três jogos até o mata-mata, e aí é outro campeonato.
Você já se viu fora do futebol?
Não. Se eu não tivesse o futebol, na minha infância, não sei o que seria. Sendo sincero com você, eu já gostava de futebol quando criança, mas jogar é o dom que Deus me deu. Ninguém na minha família joga futebol, só eu. Meu sobrinho agora gosta de jogar, mas antes não tinha ninguém. Mas meu pensamento é esse: subir o Pelotas. É um clube grande. E para pensar no ano que vem, temos que passar o agora.