Os torcedores do São Paulo que encontraram Walter na arquibancada de visitantes da Ilha do Retiro no confronto do Tricolor Paulista com o Leão pela Copa do Brasil não imaginavam que horas depois o destino do centroavante seria anunciado para bem longe dali. Nesta quinta-feira (18), o jogador revelado pelo Inter foi anunciado pelo Pelotas. Aos 33 anos, vai disputar a Divisão de Acesso pelo áureo-cerúleo.
Sem atuar desde a saída do Afogados de Ingazeira-PE, em abril, Walter começou a dar sinais nas redes sociais de que havia chegado a um acordo com um novo clube quando publicou um vídeo em que se despede da mãe, com quem estava morando em Recife.
Nas imagens, Edith chora enquanto Walter avisa que está deixando a cidade pois "precisa trabalhar". Após anos atuando longe de casa, o atacante se reaproximou da mãe no ano passado, quando jogou no Santa Cruz-PE.
— Fazia tempo que eu não morava com minha mãe, e agora estávamos juntos já há 40 dias. Eu saí de casa muito cedo, quando fui pro Sul, e desde então não morava mais com minha mãe. É difícil, mas ela sabe que eu preciso trabalhar, estava torcendo muito por isso — disse Walter.
O atacante deixou Recife aos 15 anos para atuar no São José. Seu maior destaque no Rio Grande do Sul, claro, foi pelo Inter, a partir de 2008, quando Abel Braga lhe colocou em campo aos 28 minutos do segundo tempo da vitória por 1 a 0 sobre o Vasco, no Brasileirão. Se em Pelotas ele estará longe da mãe, por outro lado ajudará a estar próximo da filha Catarina Vitória, que vive em Porto Alegre.
— O Sul me fez muito feliz. Eu cheguei com 15 anos no São José e só aconteceram coisas boas. Sou muito grato. Por isso, quando veio o convite, eu não pensei duas vezes. Voltar para perto da minha filha também vai ser importante — destacou.
Holofotes
Nos stories do Instagram, Walter postou um vídeo com chuteiras novas e disse: "chegou quem vai fazer gol". Quanto mais balançar as redes na Divisão de Acesso, maior será o seu rendimento financeiro. Afinal, o acordo do jogador com o Pelotas é de produtividade. Há um salário base, dentro da realidade de ambos os envolvidos, e acréscimos por gols marcados.
— Não é só o lado financeiro que move o Walter. Fizemos um contrato de produtividade e esperamos que ele faça gols. Tem um salário base e mais premiações por gols marcados. Não podemos prometer o que não podemos pagar. Estamos dando essa motivação para ele, com a missão de recolocar o Pelotas na Primeira Divisão e continuar conosco. Vamos dar todo o suporte, e no campo depende dele — explicou o vice-presidente do clube, Vinícius Conrad.
Além da capacidade artilheira do centroavante, o plano do Pelotas é ganhar evidência com a contratação. O plano de fazer uma contratação chamativa foi traçado no início do ano, porém o processo de convencimento de Walter foi demorado.
— Nós queríamos um nome de referência. Antes do campeonato começar, lembramos do Walter. É uma história indiscutível, os gols que ele fez na carreira, e os desafios que ele teve na vida. Não foi uma negociação fácil. Foram várias conversas para nos conhecermos. Depois de um tempo, as coisas foram se encaminhando, e ele escolheu o clube por essa amizade construída — detalhou Conrad.
O reforço irá apresentar-se na Boca do Lobo na próxima segunda-feira (22). Um dia antes, o Pelotas enfrentará o Lajeadense, fora de casa, pela Divisão de Acesso. A recepção ao centroavante ainda não foi detalhada, porém o clube espera organizar uma grande festa para recebê-lo.
Confira o bate-papo com Walter
Como foi o acordo com o Pelotas?
Muito feliz pelo acordo com o Pelotas. Um time grande, time gigante, e vou dar o máximo para ajudar o time retornar à Primeira Divisão. Vou tentar ajudar dentro de campo, fora de campo, com a minha experiência. Minha liderança é muito boa. Sou uma pessoa simples, sei ser amigo de todo mundo.
Quando começou a negociação?
Faz tempo. Estávamos em conversa, mas deu uma esfriada. Por erro meu. Presidente mandou uma mensagem, mas eu não vi. Até pedi desculpas. Por isso, as coisas não aconteceram antes. Mas tudo tem um momento, tudo tem a sua hora. Graças a Deus, a gente conversou e deu tudo.
A torcida reagiu bem com tua contratação. É fácil lidar com essa expectativa?
Sou muito grato. Sei que existe um pé atrás com meu nome, mas minha vida sempre foi de muita cobrança. O mais importante é estar feliz, e eu estou. É um time de uma história bacana e torcida apaixonada. Eu gosto de jogar em times assim. O mais importante é subir para Série A, mas quem sabe também ser campeão.
Depois de jogar no São José e no Inter, o que tu espera no retorno ao Rio Grande do Sul?
O Sul me fez muito feliz. Eu cheguei com 15 anos no São José, e só aconteceram coisas boas. Sou muito grato. Por isso, quando veio o convite, eu não pensei duas vezes. Voltar para perto da minha filha também vai ser importante.
Vai ser difícil ficar longe da tua mãe, que mora em Recife?
É difícil. Fazia tempo que eu não morava com minha mãe, e agora estávamos juntos já há 40 dias. Eu saí de casa muito cedo, quando fui pro Sul, e desde então não morava mais com minha mãe. Mas ela sabe que eu preciso trabalhar, estava torcendo muito por isso.
Qual tua condição física?
Depois do final do Pernambucano, eu sigo treinando com profissionais particulares. Lógico que não é a mesma coisa. Mas, de semana em semana, a cada treino, vou melhorando. No Afogados joguei muito pouco mas, quando joguei, marquei o gol do último jogo e atuei bem.
Pretende jogar por mais quanto tempo?
Dá pra jogar mais três ou quatro anos. Busco e quero isso. Na minha vida, sempre encontrei pessoas desconfiando, com o pé atrás, e dei a volta por cima.
Sonha em voltar para Série A do Brasileirão?
É o que eu busco. Sei que posso chegar, é da minha qualidade. Só depende de mim. O Pelotas é um time grande, quero subir, renovar meu contrato e jogar o Gauchão do ano que vem.
Guarda lembranças positivas do Inter?
Só coisas boas. Abriu meu espaço para ir para Europa, que é o sonho de todos os jogadores. Campeão Gaúcho, da Libertadores, tenho minha história pelo Inter. A torcida conhece a minha história, sempre me tratou muito bem.