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Quatro anos antes conquistar no Brasil a artilharia da Copa do Mundo de 2014, James Rodríguez teve de encarar o Beira-Rio em uma noite de Libertadores. Recém-promovido aos profissionais, o meia colombiano era um dos destaques do Banfield, adversário colorado nas oitavas de final da competição de 2010, e chegava a Porto Alegre com a vantagem de ter vencido o primeiro jogo, na Argentina, por 3 a 1. Quis o futebol que ao final daquele 6 de maio o herói fosse outro jovem: Walter, de 20 anos. Nesta semana, GaúchaZH e Rádio Gaúcha recordam o bicampeonato da América conquistado pelo Inter.
Pernambucano formado nas categorias de base do clube gaúcho, o atacante começava a se firmar no time montado por Jorge Fossati. Tanto que chegou à decisão contra o Banfield com status de titular, ao lado de Alecsandro, deixando Taison no banco. Naquela partida, uma de suas últimas com a camisa colorada, Walter jogou como veterano.
Antes de falar do que Walter fez, é preciso entender em qual situação Inter e Banfield chegavam àquela partida. Cinco dias antes, o Colorado havia perdido o título estadual para o Grêmio de Silas. O vice-campeonato regional, somado ao tropeço na Argentina, deixava o cargo de Fossati por um fio. Para piorar, o osso a ser roído era duríssimo. Apesar do nome pouco conhecido entre os brasileiros, o Banfield da estrela sul-americana em ascensão era o atual campeão argentino e dono do melhor ataque da Libertadores de 2010.
Os mais de 35 mil torcedores que foram ao Beira-Rio precisaram ter paciência, portanto. Primeiro porque os argentinos atrasaram em seis minutos o início da partida. Mais tarde, porque o Banfield se fechava e parecia não se incomodar com as investidas vermelhas. A vantagem de dois gols, com a possibilidade de marcar num contra-ataque e obrigar o Inter a fazer quatro, dava a segurança necessária para os visitantes jogarem atrás. Seria preciso força para furar a barreira.
E força nunca foi problema para Walter. Ainda no começo de jogo, usou o o corpo para ganhar de dois adversários e encontrar D'Alessandro, que acertou o travessão. Só no primeiro tempo, foram seis chegadas perigosas do atacante, quase sempre servindo aos companheiros que apareciam em melhores condições de arremate. Mas a bola insistia em não entrar: no poste, no goleiro, para fora, em cima do zagueiro. Nunca no alvo.
Não era surpresa assistir a boas apresentações de Walter, desde muito novo destacado pelo porte físico e pelas finalizações potentes. Mas naquela noite ele parecia diferente, como se soubesse que o que fazia em campo ainda seria assunto 10 anos depois. No segundo tempo, quando o Inter já vencia por 1 a 0 com gol de Alecsandro, Walter usou o calcanhar para dar ao centroavante a chance de marcar o seu segundo na partida, mas o toquinho com a ponta da chuteira parou nas mãos de Lucchetti.
A recompensa pela luta do camisa 16 veio aos 12 minutos da etapa final. Improvisado como lateral-esquerdo, Fabiano Eller foi ao fundo e cruzou para a área. Walter subiu antes do zagueiro argentino e testou a bola para o fundo das redes do Banfield. A apreensão transformou-se em festa no Beira-Rio. O Inter, enfim, seguiria na Libertadores de 2010.
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Além da eliminação, James Rodríguez levou de recordação de Porto Alegre um cartão vermelho, recebido no final do jogo por falta dura em D'Alessandro. Dois meses depois, Walter e James se reencontram, desta vez como companheiros de equipe, já que em julho o Porto anunciou as contratações das jovens promessas de Inter e Banfield, pagando 6 milhões de euros pelo brasileiro e 7,5 milhões pelo colombiano.
Depois de Portugal, a carreira dos dois tomou rumos opostos, mas, na memória dos colorados, prevalecerá sempre o que Walter fez naquela noite de 6 de maio de 2010.