A campanha colorada rumo ao bicampeonato da América, recordada nesta semana por GaúchaZH e Rádio Gaúcha, foi marcada por duas fases. Entre elas, uma Copa do Mundo, na África do Sul.
Após deixar pelo caminho nas quartas de final os atuais campeões da Libertadores, o sentimento no Beira-Rio ainda era de que, para ser campeão, o Inter precisaria de mais. O time chegava à parada na briga pelo principal título da temporada, mas as dificuldades na fase anterior e a perda do título gaúcho para o Grêmio apontavam para mudanças. A mais radical foi a de treinador, com a demissão do uruguaio Jorge Fossati. Semanas mais tarde, com o futebol no Brasil já parado para o Mundial de seleções, o substituto foi anunciado: Celso Roth.
Com Roth, o Inter jogaria diferente após a Copa. O sistema com três zagueiros, considerado inadequado pela direção, deixaria de existir quando a bola voltasse a rolar.
— Nós respeitamos o Fossati, que é um excelente treinador e tinha uma boa relação com todos — relata Fernando Carvalho, vice-presidente de futebol à época — O nosso time tinha muita dificuldade para jogar fora de casa, e time que não vence fora, não ganha título.
Não foi por acaso que o Inter escolheu Celso Roth. Com o São Paulo definido como adversário na semifinal, pesou o bom retrospecto que o técnico gaúcho tinha quando enfrentava o time do Morumbi nas temporadas recentes. Aquele São Paulo comandado por Ricardo Gomes tinha a forma de jogar dos anos anteriores, com três defensores, e Roth já havia se dado bem nessas circunstâncias. Além disso, tinha a vantagem de conhecer o elenco colorado, e desfrutaria de um tempo sem jogos para preparar a equipe.
— Aquele não era o momento de contratar alguém que teria de conhecer o grupo — aponta Carvalho.
Até porque o grupo semifinalista recebeu três importantes reforços durante o mês de recesso. Heróis da conquista de 2006, Tinga e Rafael Sobis retornavam ao clube para tentar o bi. Assim como Renan, reserva de Clemer quatro anos antes, que agora voltaria para assumir um lugar como titular.
Para contar com o trio, o Inter teve de ir à Fifa tentar adiantamento da janela de transferências da CBF. Como jogadores vindos do Exterior só poderiam entrar no BID a partir de 1º de agosto, Sobis, Tinga e Renan perderiam a semifinal, marcada para começar em 28 de julho. A saída foi encontrada em uma brecha no regulamento, que prevê flexibilizações em anos de Copa do Mundo. O Inter entrou com o requerimento, e o resto é história.
Renan, de fato, foi titular em todos os quatro jogos até a conquista da taça. Tinga esteve em duas partidas, uma na semi e outra na final. Já Rafael Sobis, autor de dois gols no título de 2006, esteve em campo em apenas um jogo, na decisão contra o Chivas, no Beira-Rio. O suficiente para balançar as redes novamente e escrever seu nome em mais um capítulo da vitoriosa história colorada.
As escalações
O último Inter de Fossati na Libertadores – derrota de 2 a 1 para o Estudiantes (3-4-2-1): Abbondanzieri; Bolívar, Sorondo e Fabiano Eller; Nei, Sandro, Guiñazu e Kléber; Andrezinho e D’Alessandro; Alecsandro.
O primeiro Inter de Roth na Libertadores – vitória de 1 a 0 sobre o São Paulo (4-2-3-1): Renan; Nei, Bolívar, Índio e Kleber; Sandro, Guiñazu; D'Alessandro, Andrezinho e Taison; Alecsandro.